O Ypiranga garante que não acabou. A desvantagem de 1 a 0 do jogo de ida, em casa, dizem os profissionais do clube, é apenas isso: uma desvantagem. Eles prometem remobilização para enfrentar o Grêmio, na Arena, no próximo sábado. E vão por dois caminhos.
O primeiro é da qualidade do time em si. Veio do próprio clube o reconhecimento de que, por mais que tenha mantido o estilo de trocar passes, não se intimidar e jogar com a bola no chão, a etapa inicial foi quase trágica. O técnico Luizinho Vieira admitiu que seu time escapou de perder antes do intervalo. Mas as mudanças e a conversa no vestiário reanimaram a equipe.
O Ypiranga, na visão deles, foi melhor do que o Grêmio na metade final e esteve perto de encontrar o gol (chegou a acertar a trave). Lamentou o pênalti marcado pelo VAR, mas não reclamou ostensivamente. A bronca do treinador foi mais filosófica, digamos assim:
— Sabe que não gosto dessa coisa do VAR? Tira a naturalidade do jogo. Mas é uma coisa minha, o regulamento prevê isso. Infelizmente levamos três pênaltis assim. O que fiquei mais irritado foi com o autoritarismo da expulsão. É injusta a regra. O médico foi expulso, mas não sai, porque ficamos sem médico. E eu, que não fui expulso, tenho de deixar a casamata.
Sobre o jogo em si, a opinião do Ypiranga é que o time esteve abaixo no primeiro tempo, mas se encontrou na volta do intervalo. A entrada de Cesinha no lugar de Luiz Felipe deu nova dinâmica ao meio-campo (a troca de Lorran por Robson se deu meramente por lesão do titular).
— O professor foi muito inteligente. Fez a leitura perfeita, alteramos nosso posicionamento e jogamos melhor. Vamos tentar repetir isso na Arena — sentenciou Falcão, dono do chute que carimbou o travessão de Brenno, lance que lamentou:
— Foi por pouco. Prometo caprichar mais para que, na próxima vez, a bola entre.
A força do Ypiranga foi reconhecida até por Roger Machado:
— O adversário tem uma grande equipe, com valores individuais e ótimo trabalho coletivo. Foi a melhor campanha da primeira fase. Não chegou até aqui por acaso. Nada está decidido.
Esses pontos que o fizeram liderar a primeira fase, porém, foram praticamente todos obtidos em Erechim. Para ser campeão, o Ypiranga terá de fazer algo inédito em 2022: ganhar fora. Em seis partidas longe do Colosso da Lagoa (já incluída a semifinal), empatou metade e saiu derrotado da outra metade. A redenção precisará vir no último jogo.
— Nós também não tínhamos perdido em casa e perdemos. Isso não quer dizer nada — minimizou Falcão.
O segundo caminho que Luizinho percorrerá no trabalho de semana cheia que terá é o mental. Até por isso, expôs uma situação ocorrida no final do jogo e que já levou ao vestiário, em uma prova do que vem.
Segundo ele, na confusão que interrompeu os minutos finais da partida e causou a expulsão do médico (e, por força de regulamento, a exclusão de Luizinho da beira do campo), houve um bate-boca com Lucas Silva. Enquanto representantes do Ypiranga reclamavam do tempo de acréscimos após o sai-não sai do médico e do treinador, o volante gremista, autor do gol, teria dito que "era melhor terminar logo antes que o Grêmio fizesse o segundo".
— Isso faz parte do futebol, querer intimidar, controlar o jogo, vivi isso ao longo da minha carreira. Hoje é até um pouco diferente, porque tem leitura labial. Mas isso não muda nada sobre o que penso do meu time. Estamos muito mais vivos do que o Lucas pode pensar. Não vamos jogar com medo, temos possibilidade de fazer história.