O comitê científico do governo do Estado, em nota técnica emitida nesta semana, destacou que a retomada de jogos de futebol no Rio Grande do Sul poderia ocorrer quando os dados sobre coronavírus indicassem cenário favorável. Atualmente, o Estado tem os níveis de risco mais elevados desde o início da pandemia, conforme o governo estadual.
Questionado sobre quando o futebol poderia ser retomado, o comitê científico respondeu no parecer que: “De acordo com as regras do modelo de distanciamento controlado, quando as bandeiras sinalizarem favoravelmente”. No trecho seguinte, o comitê destaca que o retorno deveria ocorrer com regras rígidas, “de acordo com a situação da pandemia no Estado”.
No mesmo trecho, o comitê científico sugere que, neste momento, atletas profissionais poderiam treinar juntos como parte de uma pesquisa, sendo futuramente possível a liberação de jogos, sem público. “Um grupo de atletas de alto rendimento, periodicamente testados, em um ambiente controlado tem características singulares de controle de saúde e poderia ser alvo de pesquisa neste momento”, diz o documento.
O comitê científico é uma das instâncias consultivas criadas pelo governo do Estado para a tomada de decisões. A nota técnica sobre a retomada do futebol foi entregue ao governo na quarta-feira (8). No dia seguinte, o governador Eduardo Leite autorizou a retomada dos treinos a partir de segunda-feira (13) e a volta do Gauchão, sem público, a partir do dia 23.
Comitê destaca retomada na Alemanha, após o pico
No trecho em que trata de experiências internacionais, a nota técnica destaca o caso da Alemanha, apontando que a volta do futebol naquele país ocorreu um mês e meio depois do pico da doença. “No caso da Alemanha em específico, a retomada das atividades foi realizada 45 dias depois de atingir o pico, quanto ela tinha um número de infectados diários em torno de 10% do valor do pico, ou seja, claramente numa fase após a passagem do pico inicial”.
O parece ainda alerta para o recado que a retomada do campeonato pode dar para a sociedade, destacando que as decisões do poder público influenciam diretamente o comportamento da população. “Liberar ou não atividades, autorizar ou proibir determinada ação, mesmo indicar cuidados e protocolos, têm impacto direto sobre a leitura que a população tem deste fenômeno tão desconhecido que é a pandemia do novo coronavírus. Assim, sugere-se que este aspecto seja levado em consideração nas decisões de liberação das atividades esportivas coletivas”, diz o texto.
“Risco não é desprezível”
A maior parte do documento trata de riscos e protocolos que devem ser adotados por jogadores, equipe técnica e demais trabalhadores. Este trecho inicia alertando que os riscos não são desprezíveis, mas podem ser minimizados com regras rígidas de higiene.
“Nos esportes coletivos, o contágio ocorre pelo contato físico entre atletas e o uso de máscaras nem sempre é recomendado para esportes de intensidade física. Dessa forma, o risco para jogadores no treinamento coletivo não é desprezível. O risco pode ser minimizado pelo estabelecimento de protocolos específicos, como os já descritos para países europeus, mas não pode ser totalmente eliminado”, diz o texto.
“Cuidado e protocolos”, destacou Leite
Ao anunciar a liberação dos jogos, na quinta-feira (9), Leite destacou que, com os protocolos de segurança que serão adotados, é possível se aproximar de uma normalidade. Leite ainda apelou para que os torcedores não se reúnam para acompanhar as partidas.
“Com cuidado, com protocolos, com todos os cuidados sanitários que são robustos, a gente pode se aproximar de um retorno à normalidade. Mas não é volta ao normal. Apelamos que todos se mantenham sem fazer reuniões ou confraternizações”, disse Leite, em vídeo divulgado na quinta, após reunião com Luciano Hocsman, presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).