A final da Taça Piratini, primeiro turno do Gauchão de 2011, no Olímpico, foi para os pênaltis depois do 2 a 2 entre Grêmio e Caxias. O Tricolor fez o gol de empate aos 50 minutos do segundo tempo, depois que o árbitro Márcio Chagas da Silva havia dado oito minutos de acréscimos. O comentarista diz que o tempo extra (primeiro seis, depois mais dois) foi correspondente à quantidade de vezes em que a partida esteve parada para atendimento.
— Ali pelos 20 do segundo tempo os jogadores do Caxias (que ganhava por 2 a 1) começaram a "amorcegar" o jogo. Em todas as substituições, o técnico Lisca mandava os jogadores caírem e pedirem atendimento médico. O goleiro caiu quatro vezes — relembra Chagas, que não podia impedir o atendimento de nenhum atleta.
O Caxias começou ganhando com dois gols nos 39 minutos iniciais de jogo. O desconto gremista saiu aos 43. No segundo tempo, a partida ganhou tensão. Jogadores visitantes solicitaram atendimento médico repetidas vezes, e o então juiz quis recompensar os momentos de paralisação nos acréscimos finais.
Chagas conta que depois de dar seis minutos de acréscimos, teve de autorizar atendimento para o goleiro do Caxias em mais duas oportunidades. Em seguida, o então árbitro acrescentou outros dois minutos. Ele defende sua postura e alega que o time da Serra teria saído vitorioso caso não houvesse feito tanta cera.
— A cera demasiada do Caxias possibilitou o empate do Grêmio. Se tivessem jogado normalmente, como jogaram toda a partida, sem pedir tanto atendimento, teriam ganho porque estavam jogando mais do que o Grêmio — opina, e revela:
— Enfrentei problemas quando eu ia apitar jogos na Serra, mas não me arrependo de nenhuma forma. O jogo era tenso e fiz o que era correto. O resultado não passou por mim, passou pela cera.
Sobre a cobrança que se fazia na época, de que ele teria sinalizado acréscimos "até empatar", Márcio diz que é natural que uma postura nova enfrente resistência. O ex-árbitro argumenta que agiu com o objetivo de igualar o tempo extra ao de jogo parado, contrariando a tendência vigente na época. Ele se mostra bem-humorado ao receber as críticas:
— Quem tá nesse meio, não sendo nada ofensivo, tem de levar na esportiva. E levo até hoje. Se estou em algum evento que pode precisar ser prolongado, brinco que vai subir a placa com os acréscimos.
VAR no Gauchão 2020
Questionado se acredita em diferença do nível técnico entre as semifinais do primeiro turno do Gauchão devido à presença de árbitro de vídeo (Gre-Nal 423 com, Caxias e Ypiranga sem), Márcio comemora que não tenha havido lances polêmicos no confronto do Interior e compara:
— Imagina se uma partida é disputada em campo de terra e outra em gramado. Pra mim é um desrespeito com as equipes do Interior. Tinha de ter o equilíbrio técnico. Se vai ter VAR no Gre-Nal, tem de ter nos outros jogos do interior também. Se a Dupla tá pagando, a Federação vai pagar também. Creio que não seja por falta de dinheiro.
A Federação Gaúcha de Futebol anunciou a final do primeiro turno, entre Caxias e Grêmio, no sábado (22), no Centenário, com a presença de árbitro de vídeo custeado pela entidade.
O comentarista Márcio Chagas aposta que a escalação da arbitragem seja liderada por Leandro Vuaden ou Anderson Daronco.
— Não vão correr o risco de colocar um árbitro menos experiente que eles. O nome vale muito em jogos assim, também, para que o jogador não queira ir para cima logo de cara. (Vuaden e Daronco) Estão acostumado a decisões.