Os poucos recursos, as disputas entre clubes nos bastidores e as incertezas de médio e longo prazo são realidades comuns nos pequenos clubes de futebol do Brasil. Por isso, é tão expressiva a presença do Novo Hamburgo na final do Gauchão depois de passar pelo Grêmio e para enfrentar o Inter. A versão de 2017 do Noia começou a tomar forma no fim do ano passado, quando a diretoria anunciou a contratação de Beto Campos. O responsável pela decisão e pela montagem do grupo finalista é Everton Cury, um administrador de empresas de 58 anos, que está há uma década e meia envolvido com o clube.
Com passagens como presidente do Conselho Deliberativo, Cury atualmente é o 2° Vice-Presidente eleito e foi escolhido pelo presidente Juarez Radaelli como vice de futebol. A relação entre os dois vem de longa data. Radaelli já foi diretor de futebol subordinado a Cury e até funcionário em uma empresa fora do mundo do esporte.
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Everton Cury não tem problemas em admitir que é colorado.
– Sempre fui. Mas em primeiro lugar sou Novo Hamburgo. Todos os dirigentes do Interior têm esse primeiro ou segundo time. Quando Inter e Novo Hamburgo estão na mesma disputa, sou Novo Hamburgo. E o trabalho que temos feito confirma isso – contou, em entrevista a Zero Hora.
No Noia, Cury não tem qualquer forma de remuneração. Como dirigente político, não é contratado. Nunca teve passagens por outros clubes. Pelo menos não no futebol. Entre 2004 e 2008, foi dono do Online, time de vôlei que quebrou a hegemonia da Ulbra no meio dos anos 2000 e chegou a dois títulos gaúchos. A experiência, diz ele, traz boas lembranças.
– É um esporte bem mais organizado, os regulamentos são respeitados, tudo é definido previamente. Apesar dos escândalos recentes, todo mundo se respeita. No futebol, cada um puxa a brasa para o seu lado. No vôlei, buscam o desenvolvimento do esporte.
A proximidade com o presidente gerou uma relação saudável, que dita o ritmo da condução do clube.
– Temos uma relação de amizade e tenho total confiança no trabalho dele – garante Radaelli.
O trato também é bom com o técnico Beto Campos. Na montagem do elenco, a escolha dos nomes passou pelo perfil físico e técnico que se encaixaria no padrão preferido pelo treinador. Beto indicou alguns nomes e deu o aval para outros. Apesar da busca por um grupo mesclado entre experientes e jovens, a referência na escolha era por atletas com boa capacidade física.
– Tínhamos uma série de critérios, entre eles a mescla de experientes com jovens, fortes com rápidos. Tentou se fazer um time equilibrado, com muita energia física, um biotipo mais alto. Sabemos que a bola aérea é fundamental, especialmente no Gauchão. É preciso ter vigor – garante Cury.
A campanha histórica, termine com taça ou não, pode ser um ponto isolado na história do Novo Hamburgo. Mesmo com o desenvolvimento de um trabalho sólido para o Gauchão, o dirigente não consegue planejar o dia seguinte. Inicialmente, deve deixar o departamento de futebol. Os elencos para a Série D e para o Estadual do ano que vem são incertezas, e a definição passa basicamente por limitações financeiras.
– Se tivéssemos recursos, daria manter 70 ou 80% do grupo para a Série D. Mas não sei como será. Os contratos, quase que na totalidade, se encerram na segunda-feira. E aí teríamos que se buscar as renovações. Você sabe, quando o coletivo vai bem, as individualidades se valorizam.
O domingo será histórico para o Novo Hamburgo. A segunda-feira fica para depois.
*ZHESPORTES