O árbitro de Inter e Novo Hamburgo, neste domingo, às 16h, no Beira-Rio, apitará a sua terceira final de Gauchão. O santa-mariense Anderson Daronco comandou a decisão do ano passado, entre Inter e Juventude (3 a 0 para o time de Argel Fucks, no Beira-Rio), e o jogo de ida da decisão de 2015, o Gre-Nal que acabou empatado em 0 a 0, na Arena.
Antes de se concentrar para a abertura da final de 2017 (o jogo de volta ficará com Leandro Vuaden), Daronco cumpriu um voo de 3,2 mil quilômetros, desde Arequipa (Peru) até Santa Maria. Havia apitado Melgar 1x2 Independiente Medellín, pela Libertadores. Chegou em casa às 4h dessa sexta-feira. Em questão de horas, já estará em Porto Alegre para o início da final gauchesca.
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Nesta entrevista a ZH, o árbitro de 36 anos de idade, de 1m88cm e de 90 quilos responde a respeito da pressão sobre a arbitragem no Campeonato Gaúcho, além de falar sobre o Inter, sobre o Novo Hamburgo e sobre como tudo acaba no Rio Grande do Sul: em Gre-Nal.
Confira os principais trechos:
O primeiro jogo das finais é tão tenso como a partida decisiva?
As coisas acabam se definindo no segundo jogo, mas a responsabilidade da arbitragem é a mesma. Sabemos o peso que é para as duas equipes disputar a decisão.
O fato de não haver o gol qualificado nas finais deixa o jogo menos truncado?
Acredito que mude a conduta tática dos times. Talvez haja, sim, uma maior exposição no jogo, uma ousadia a mais, uma vez que nenhum dos dois times deverá ter tanto medo de levar gol. Podemos ter um jogo mais bem jogado.
Tivemos até aqui um Campeonato Gaúcho com reclamações contra a arbitragem em quase todas as rodadas. A pressão sobre a arbitragem aumentou em 2017?
Eu tô zerado (risos). O Gauchão sempre é disputado e discutido fora de campo. Principalmente por termos duas equipes com maior poderio que as demais e que estão sempre disputando o título. Agora, porém, os times do Interior chegaram com força. Por pouco não tivemos uma final do Interior (Caxias e Novo Hamburgo). A pressão sobre a arbitragem nas finais será a mesma de sempre. E há a pressão pessoal, que é muito grande. Para ir bem, é preciso saber que você está bem preparado. O fator externo existirá sempre e não prejudica. Muitas vezes, utilizamos essa pressão como combustível para mostrar que a arbitragem é capaz.
Em termos de pressão, Inter e Novo Hamburgo será uma espécie de Gre-Nal? Onde algum erro terá uma repercussão do tamanho do Rio Grande?
Todo o jogo envolvendo Inter ou Grêmio é um mini Gre-Nal, pela rivalidade que envolve tudo. Você apita o jogo de um sabendo que o outro está de olho também. E todas as decisões em campo repercutem pelos dois lados. Mas Inter e Novo Hamburgo é grande por si só. Pelo Novo Hamburgo, que fez a melhor campanha do Gauchão, e pela grandeza do Inter. Os dois mereceram chegar à final. Para mim, este será o grande jogo do Gauchão.
Como você vai agir com relação a seus auxiliares (os bandeirinhas Lúcio Flor e Leirson Martins mais o quarto árbitro Eleno Todeschini), se houver dúvida em algum lance?
Como faço sempre: dando liberdade a eles opinarem. Vamos realizar um encontro para debater a partida e para elaborar um plano de trabalho. Eles terão a liberdade de opinar e a nossa tomada de decisão será a melhor para o jogo.
A sua tomada de decisão precisa ser feita em segundos. Como conciliar duas, três opiniões ao mesmo tempo?
O árbitro pode voltar atrás de uma decisão até o momento de reiniciar o jogo. Saiu o gol, ele percebeu que foi irregular, muda a decisão. Sempre falo que, em caso de dúvida, converso como todos os meus auxiliares, não importa o tempo que isso levar. Tudo para não errar.
Quantos jogos de Inter e Novo Hamburgo você apitou nesse ano?
Um do Inter, nenhum do Novo Hamburgo. No do Inter, por sinal, tive a ajuda fundamental dos meu auxiliar (Fabrício Baseggio), pois houve um pênalti (mão de Wagner, em cruzamento de Andrigo) e ele me avisou.
Em uma decisão, se segura o jogo na conversa ou com cartões?
Particularmente, não gosto de dizer se vou fazer isso ou aquilo. Porque chega na hora e tenho uma atitude contrária ao que disse. Mas conheço as características dos dois times e, com base nisso, se elabora o plano de trabalho.
Entre os torcedores do Novo Hamburgo, há a preocupação de D'Alessandro "apitar" o jogo.
Nunca tive problemas com D'Alessandro. Sempre houve respeito mútuo.
Entre os torcedores do Inter, há a preocupação de o goleiro Keiller (o único em totais condições de jogo) acabar lesionado em alguma disputa na área.
Isso pode ocorrer em uma situação normal de jogo, coisas que muitas vezes não passam pela arbitragem. Estaremos atentos a tudo.
*ZHESPORTES