Aquele Inter-Cruz de 2 a 2 ano passado, que o Cruzeiro começou vencendo por 2 a 0 até sofrer dois pênaltis e uma expulsão, fez mal ao time em 2016. O Cruzeiro terminou 2015 se sentindo "campeão moral" do Gauchão (que chegara a liderar) e que só o perdeu por conta de uma arbitragem duvidosa. Torcedores estrelados sonharam com o título deste ano, inclusive, até que a realidade das quatro primeiras rodadas nos mostrou que nosso campeonato agora é outro, o de permanecer na elite, onde só 11 clubes e o vencedor da Divisão de Acesso estarão em 2017.
O Inter-Cruz de sábado, 17h, nada tem a ver com o do ano passado. Sem um patrocínio mais vultuoso, não tivemos como manter as revelações, a começar pelo goleiro, passando pelo meio-campo - cinco jogadores daquele time foram para a Série A do Brasileiro do ano passado, confirmando a tradição de clube formador.
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Não temos mais o goleiro nem a zaga segura do ano passado, agora já tomamos sete gols em quatro rodadas. Não funciona bem, ainda, a cobertura do avanço dos laterais. Não temos mais aquele entrosamento que o time apresentou a ponto de encantar os apreciadores do Gauchão em 2015.
O Cruzeiro continua com muito esforço e dedicação dos jogadores e comissão técnica, tem profissionais capazes e esperança de reagir e surpreender. Mas isso só será possível se pisarmos no chão da realidade, que agora é dura. Temos a camiseta de grandes conquistas, inclusive as de resistir a cair, como já contou o José Antônio Pinheiro Machado numa crônica ("O dia em que traí o Grêmio") sobre um jogo na sua infância, onde o Cruzeiro (time do seu pai) teve de vencer um Gre-Cruz para não ser rebaixado.
Quando fechou seu departamento de futebol por três décadas, o Cruzeiro estava na primeira divisão, mas teve de vencer a Segundona em 2010 para voltar, a tempo de ser saudado por uma crônica do nosso imortal cruzeirista Moacyr Scliar. A vitória, agora, vale um título. Cada jogo é uma decisão de campeonato para se manter à altura de sua tradição e de suas façanhas de clube centenário.
*ZHESPORTES