Goleiro Paulo Sérgio teve infância difícil no Pará e deixou a família para jogar

Natural de Tracuateua, Pará, Paulo Sérgio é o terceiro de quatro irmãos criado em Belém com os poucos recursos da mãe, Izabel. Quando pequeno, sonhava em ser mecânico de carros e desmontava a própria bicilceta para lubrificá-la e a montava novamente. Agarrrou as primeiras bolas nos times de bairro da cidade e, indicado por um amigo, foi parar no São Paulo, aos 14 anos.

- Eu queria que ele tivesse estudo para ser alguém na vida, mas eu disse para ir em busca do sonho dele - lembra a mãe.

Paulo Sérgio ficou cinco meses no clube paulista, na reserva do goleiro Márcio, ex-Grêmio e foi parar na Juventus, onde foi campeão juvenil, atuando como titular.

Em 1998, ele estava no Morumbi, assistindo a final da Copa SP de Juniores, entre Inter e Ponte Preta, quando o técnico Guto Ferreira, com quem trabalhou no São Paulo, o convidou para buscar a sorte no Rio Grande do Sul. Ele topou. Dias depois, o garoto de Belém pisava no sul do Brasil. No mesmo Inter, que agora se coloca entre o Caxias e a taça.

- Penso sempre para frente. Se tu me disser que é impossível, aí que eu busco mesmo - declara o leitor ávido de Augusto Cury.

Foi na capital gaúcha, distante 3.2 mil quilômetros de Belém, que Paulo Sérgio realizou o sonho da mãe. Na primeira oportunidade, apresentou o diploma do ensino médio à Dona Izabel, que não se conteve.

- Eu chorei neste dia. Ele me prometeu isso e cumpriu. Sempre disse para ele terminar pelo menos o segundo grau - emociona-se.

Depois de três anos na base colorada, rodou pelo Brasil e chegou ao Caxias por indicação do preparador de goleiros Rogério Maia e pelo técnico campeão no primeiro turno Paulo Porto.

- Tudo o que imaginei está chegando perto. Muita gente falava que eu ia voltar para casa quando saí de Belém e agora essas pessoas vão ter que me ver na TV.

Ainda que consiga se sagrar campeão e venha a ser escolhido o melhor goleiro da competição, nada de perder a humildade.

- Para muitos atletas, o dinheiro vem em primeiro lugar. Para mim, não. Não adianta ganhar muito dinheiro e não ser feliz. O dinheiro ajuda a tirar a paz - filosofa.

Que Paulo Sérgio possa presentar Dona Izabel com mais um diploma: o de campeão gaúcho 2012.