Nem a forte chuva que caiu sobre Uruguaiana neste domingo (3) arrefeceu a mobilização da comunidade entorno da final do Gauchão de Futsal. A partida terminou com derrota da equipe da casa por 2 a 0. Mesmo após o resultado negativo, o Ginásio Schmitão foi preenchido pelos cantos de apoio puxados pela charanga da torcida organizada Touru.
A movimentação de torcedores próxima ao palco do jogo se intensificou cerca de duas horas antes do apito inicial. Os torcedores que iriam participar da recepção ao ônibus da Uruguaianense aguardavam protegidos na marquise de um mercadinho. Já os que esperavam para ingressar no ginásio precisavam apelar para guarda-chuvas, capas ou aguentar o banho por amor ao clube.
O tempo feio não apagou a bela festa. Pelo contrário, impulsionou sacrifícios pela Uruguaianense. Foi o caso da família do representante de vendas Cleiton Siqueira, 40 anos, que percorreu cerca de 500 quilômetros de Santa Cruz do Sul a Uruguaiana para assistir ao jogo. Ele nasceu na cidade da Fronteira Oeste, cresceu envolvido com o time, e depois de constituir família em outro município, transmitiu a paixão aos demais.
– A cidade respira futsal. O time ficou muitos anos desativado. Quando voltou foi numa crescente. Nem a chuva nos afastou. Quem é apaixonado não pode dar bola para isso. A gente tem que estar na boa e na ruim sempre – afirmou o torcedor, que estava acompanhado da esposa, Gabriela Bauhardt, 41 anos, e Sofie Bauhardt, de 1 ano e 9 meses.
Espaço de esporte e festa
O incentivo aos atletas começou antes mesmo de a bola rolar. Uma recepção com sinalizadores, batucada e cantos recebeu o ônibus com a delegação, em uma versão bem mais modesta, mas com muita empolgação das Ruas de Fogo, característica da torcida do Inter.
O Ginásio Schmitão recebeu um público estimado de 1.580 pessoas – a capacidade precisou ser um pouco reduzida às vésperas do evento por razões de segurança. O primeiro confronto da final do Gauchão foi o segundo dia de festa no local. Isso porque, na noite anterior, a Celemaster, equipe de futsal feminino de Uruguaiana, conquistou o octacampeonato da Série Ouro ao vencer o Imigrante, de Bento Gonçalves, por 5 a 0.
O prefeito Ronnie Mello reconhece o bom momento vivido pela cidade no esporte e quer fazer desse avanço um dos pontos fortes do município. Uruguaiana é conhecida por estar na fronteira com a Argentina e ser caminho para quem chega e sai do país "hermano". Para Mello, é necessário agregar valores no turismo religioso, no rural e, diante da excelente fase, no que ele chama de "turismo esportivo".
– Eu cresci dentro da instituição. A gente sabe o trabalho que é feito na base, principalmente para a formação do cidadão. O que a Uruguaianense vem nos proporcionando contra a ACBF, que é o maior time de futsal do Brasil, nos coloca numa situação de poder trabalhar essa questão e fazer com que as pessoas não só enxerguem Uruguaiana, mas venham visitar Uruguaiana – comenta o prefeito.
O apoio da comunidade é visto pela direção da Uruguaianense como um dos fatores para a força da equipe dentro de casa. A derrota para a ACBF foi a primeira no Schmitão dentro do campeonato estadual.
Mesmo abraçado pela cidade, a Uruguaianense não resistiu desta vez e caiu diante da qualidade da ACBF. O duelo de volta ocorre no próximo domingo (10), em Carlos Barbosa. O time da Serra ficará com o título até com um empate no tempo normal.