Melhor time do Interior na última temporada, o Juventude trabalha para assegurar a hegemonia neste ano. Na liderança do Gauchão, após golear Vidal Pro e Flamengo de São Pedro, o Alviverde mantém os 100% de aproveitamento e tem o melhor ataque do Estadual. O objetivo, agora, é manter o ritmo nas rodadas seguintes.
— Acho que é um trabalho sólido porque o grupo está fechado. Nós colocamos um ritmo de jogo, independente do adversário. E isso é resultado do trabalho. Diariamente, relembramos os nossos objetivos no campeonato e vamos sempre impor o nosso ritmo. Acho que as goleadas são resultado do trabalho, independente de quem começa e de quem joga, tudo acontece porque o grupo está muito fechado, muito unido e com a cabeça num só objetivo — enfatiza a volante Katy.
O próximo embate será contra o Elite, reeditando a última final do Interior. Na ocasião, as Gurias Jaconeras venceram por 7 a 0, no Alfredo Jaconi. Agora, no entanto, os times se enfrentarão no Estádio Bertholdo Christmann, em Ijuí, às 15h de domingo (13).
— Vai ser uma viagem muito chatinha, mais longa, mas mantemos o mesmo pensamento. O adversário é difícil, e será fora de casa. Temos de ter a mesma cabeça, que tudo vai dar certo, e o resultado vai ser apenas o fruto do esforço que fizermos na partida. Vamos na pegada dos dois primeiros jogos, sempre para cima, para ganhar o jogo — avalia.
Após o duelo com o Elite, o Juventude ainda terá quatro compromissos pela fase inicial do Gauchão Feminino. Para classificar-se, precisará terminar entre os quatro melhores times do Interior. Assim, poderá seguir em busca do "algo a mais" no Estadual.
— O objetivo, que eu acho que é de todas, é chegar numa final de Gauchão, poder dar uma quebrada no Gre-Nal, e tentar o título. Ou pegar um segundo lugar, que também vai ser muito importante. O que mais almejamos, então, é a final — finaliza a volante.
Começo no futebol e passagem pela seleção sub-17
Assim como a maioria das meninas, Katy também começou a se apaixonar pelo futebol ainda na infância. Junto dos irmãos, Kevin e Gustavo, deu os primeiros passos no esporte. À época, ainda como um hobby. Até entender que aquilo poderia virar um sonho de vida.
— Quando somos mais novas, sempre jogamos no meio dos meninos. Então, como meus irmãos jogavam, eu ia com eles e ficava mais fácil. Com o passar do tempo, foi despertando uma vontade em mim de disputar competições e aí entrei numa escolinha, em Ubatuba, e comecei a participar de campeonatos de verdade. Foi então que meu treinador Pércio falou: "Vai ter uma seletiva em São José, estás a fim de ir? Eu te levo". Eu falei: "Vamos" — relembra Katy
À época, com 13 anos, Katy viu o futebol se tornar uma realidade. Após passar no teste para defender as cores do São José — um dos mais tradicionais clubes de feminino do país — teve de se adaptar a uma nova rotina.
— Eu morava em Ubatuba, não em São José, e não tinha alojamento. Então, foi bem difícil porque eu e meu pai (Adinei) saíamos bem cedo para chegar lá a tempo de eu poder treinar, três vezes por semana. Se eu fosse todos os dias, a condição ficava muito cara para duas pessoas. Era cerca de quatro/cinco horas de deslocamento de Ubatuba até São José — conta.
As dificuldades foram enfrentadas e Katy chegou a mudar-se para São José. Dois anos depois, realizou um dos maiores sonhos de toda atleta: ser convocada. Em 4 de julho de 2017, apareceu na lista do técnico Luizão para participar de um período de treinos com a seleção brasileira sub-17.
— Eu sempre joguei uma categoria acima. Por exemplo, eu era sub-15 e jogava sempre no sub-17, sub-20. E assim foram criando as oportunidades. Em 2017, fui convocada para a seleção brasileira su-17. Participei de um período de treinamentos na Granja Comary. Naquele ano, também disputei o Paulistão da categoria, que é bem forte. Na época, a gente só perdeu para o São Paulo — relembra a volante.
Os anos foram se passando, e Katy foi ganhando experiência até chegar ao Juventude nesta temporada. Com 21 anos, além da longa passagem pelo São José, a volante também defendeu as cores do Pinda-SP antes de desembarcar em Caxias do Sul.
Depois de uma semana, eu já estava me sentindo em casa
KATY
sobre a chegada a Caxias do Sul
— Eu me senti muito bem desde o início, pela recepção também, de quem já estava por aqui. Pela atenção que me deram também. Foi muito, muito fácil me adaptar. Depois de uma semana, eu já estava me sentindo em casa. Em relação ao grupo, acho que sempre teve um pouquinho de facilidade também por ser todo mundo da mesma idade, ter o mesmo pensamento — enfatiza.
Agora, pela primeira vez atuando em um clube longe de São Paulo, tem de lidar com a saudade da família. O suporte e a torcida deles, no entanto, são motivadores para seguir em busca do sonho.
— O apoio deles é muito importante, porque eu não faço as coisas só por mim. Eles depositaram toda a confiança e toda a esperança, e tudo fica mais fácil. Faço tudo para poder retribuir o que eles fazem por mim — completa:
— A gente vai aprendendo a lidar com a saudade, com o aperto no coração. Às vezes, a gente não tem um dia bom, mas quando a gente faz o que ama, entra lá (no campo) e acaba esquecendo tudo. Isso torna mais fácil para tentar suportar um pouco a distância.