O Inter anunciou, no último domingo (16), que Lucas Piccinato assumirá o time feminino no restante da temporada. O treinador chega para substituir Maurício Salgado, que comandará o Flamengo.
Piccinato tem 33 anos e teve seu primeiro trabalho na modalidade no Centro Olímpico, como auxiliar, em 2014. À época, atuou ao lado de Jonas Urias, atualmente na Seleção Brasileira sub-20.
— Trabalhamos juntos em todas as categorias de base até a principal, em 2016. Ele é grande colaborador para a formação de jogadoras como Gabi Nunes, Ary Borges, Bia Menezes, Marjorie Castro, Carla Silva, Lorena, Giovana Maia (seleção portuguesa), Paloma Lemos (Portugal), entre outras tantas — complementa Jonas Urias, em entrevista a GZH:
— Além de ser um conhecedor profundo da modalidade, é um captador de primeira. Promovedor de jovens talentos para a categoria principal. Sempre teve a intensidade, mental e física, como características agregadoras em seu trabalho. Ademais, é um grande estrategista do jogo.
Posteriormente, em 2019, veio o maior desafio de sua carreira: comandar o São Paulo. No tricolor paulista, Piccinato conquistou o título do Brasileirão A-2 logo na sua primeira temporada como treinador. A taça também garantiu o acesso à elite do futebol feminino.
No ano seguinte, esteve à frente do São Paulo no retorno à Série A-1 e na chegada às semifinais da competição nacional. Ao todo, foram 10 vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Além de 37 gols pró e 14 gols contra, até a eliminação para o Avaí Kindermann.
Em 2021, veio a conquista da Ladies Cup. Na final, o tricolor paulista derrotou o Santos para ficar com a taça. Ao longo da competição, foram quatro vitórias, com seis gols marcados e dois sofridos. Naquela temporada, o São Paulo ainda parou nas quartas de final do Brasileirão Feminino — justamente para o Inter —, e foi derrotado na final do Paulistão pelo Corinthians.
No ano seguinte, veio a despedida do São Paulo. Depois de ser eliminado novamente para as Gurias Coloradas no Brasileirão — agora, nas semifinais —, o tricolor paulista também caiu nesta fase no Paulistão. Os tropeços foram decisivos para que Piccinato fosse demitido após 131 partidas, com 83 vitórias, 23 empates e 25 derrotas.
— O trabalho dele no São Paulo foi bom. No primeiro ano, conquistou o acesso à elite, chegou em duas finais de paulista, foi um dos poucos times que enfrentou o Corinthians, por exemplo. Vale lembrar que se enfrentaram na decisão (do Paulistão) e o São Paulo conseguiu ganhar um dos jogos, inclusive (em 2021). É um time que sempre chegou, então acho que foi positivo, sim — complementa Rafael Alves, jornalista do portal Planeta Futebol Feminino:
— O que fica de negativo são as críticas da torcida. Ele foi refém do próprio sucesso, se você imaginar o time que o São Paulo tinha na época, e acabou gerando um clima não muito favorável depois da última eliminação no Brasileirão. E aí, ficou muito pressionado. Mas, no todo, foi bom o período dele no São Paulo, sim.
Desde então, estava no mercado. Até receber a proposta do Inter. De acordo com o Colorado, um dos diferenciais para a escolha é o trabalho com as categorias de base.
— A escolha pelo Lucas se deu por uma série de fatores. Apesar de jovem, ele tem grande experiência no futebol feminino, muita competência e conhecimento de mercado. Conhece muito de base, desenvolveu grandes trabalhos na estruturação do Centro Olímpico e no São Paulo. Na categoria profissional comandou equipes sempre muito competitivas e geriu os grupos com muito respeito e autoridade — diz Leonardo Menezes, gerente de futebol feminino do Inter, em entrevista a GZH.