Quando Carlos Henrique Casemiro, 30 anos, e Luka Modric, 37, entrarem em campo no Estádio Cidade da Educação nesta sexta-feira (9) pelas quartas de final da Copa do Mundo, vão reconhecer pelo menos um grande amigo no outro lado do campo.
A amizade entre o capitão croata e o camisa cinco da Seleção Brasileira não é nenhuma novidade no mundo do futebol, sendo construída por quase uma década não apenas em treinos e horas de descanso, mas também no gramado do Santiago Bernabéu.
Com estreias quase simultâneas no Real Madrid — Modric foi apresentado pelo clube no final de 2012, Casemiro no início de 2013 —, eles foram tricampeões espanhóis lado a lado, venceram três vezes a Supercopa da Espanha, outras três a Supercopa da UEFA, além da conquistar três Mundiais de Clubes da Fifa e outros cinco títulos da Liga dos Campeões da Europa.
Uma trajetória multicampeã que ninguém poderia ter previsto, como destacou o croata ao recordar aqueles tempos, afirmando em uma carta a Casemiro, publicada no jornal espanhol Marca quando o jogador brasileiro deixou o Real rumo ao Manchester United. Ele recordou do nervosismo do paulista ao vestir pela primeira vez a camisa dos Merengues e de como tentou acalmá-lo.
"Eu pedi para você ficar calmo e, agora, penso nisso e vejo o que você se tornou. O que você conquistou! Também era minha primeira temporada e nenhum de nós podia imaginar o que o futebol nos reservava", escreveu na época.
Sete anos mais velho e com passagens anteriores pelo Tottenham e Dínamo Zagreb, Modric deve ter guiado Casemiro pelo futebol europeu naqueles primeiros momentos, para não dizer pela própria vida na Europa. O meia, então com 20 anos, formado pela categoria de base do São Paulo, foi quase imediatamente transferido do futebol brasileiro para o meio de um dos maiores times do mundo, após alguns meses atuando pelo Castilla, time B do Real.
Apesar disso, na despedida Modric já chamava Casemiro de líder e destacava sua importância para a equipe, graças ao seu espírito generoso. "Ganhamos muito juntos, mas guardo comigo os momentos que ninguém vê. Com o dia-a-dia de trabalho em Valdebebas (CT do Real Madrid). E principalmente com as brincadeiras, porque você sempre esteve de bom humor, mesmo nos momentos de tensão ou quando houveram fracassos. Essas risadas com você me deram paz de espírito."
Casemiro, por sua vez, não poupa elogios ao camisa 10 croata, afirmando mais de uma vez que contará ao seus netos que um dia pode jogar ao lado de um ícone do futebol.
— Luka e Toni (Kroos) são meus amigos. Eu admiro eles além de como são como jogadores. Eles sempre me ajudaram. Jogar com eles é sempre fácil, não por mérito meu, mas deles. Tivemos noites maravilhosas juntos — destacou em sua despedida do Real.
E não é especulação dizer que, pelo menos para o brasileiro, o sonho seria jogar uma Copa do Mundo ao lado de ambos os ex-companheiros e não contra um deles. Afinal, em uma das entrevistas coletivas em Doha, em 26 de novembro, após ser questionado sobre quem o "confortaria no meio-campo" e lhe "daria mais segurança", ele nem piscou antes de responder:
— Luka Modric e Toni Kroos.