Tango do início ao fim. Sofrimento, ritmo, talento e glória. Baile. Até ginga. Se faltava a Lionel Messi alguma prova de argentinidade, ela foi sepultada na Recoleta. O mundo e a Copa lhe fizeram justiça. Um cometa. De outro planeta e de Rosario. Da Argentina.
Quando Messi pega a bola, é como se o mundo parasse. Messi com a bola é Picasso com o pincel, é Jimi Hendrix com a guitarra, é Gisele na passarela. Lionel é um artista. Um vencedor. Um metro e setenta de talento. Trinta e cinco anos de sucesso.
Messi foi campeão da Liga Espanhola, da Copa do Rei, da Supercopa da Espanha, da Champions League, do Mundial de Clubes, da Supercopa da Europa, da Ligue 1 francesa, da Supercopa da França. Foi sete vezes escolhido melhor do mundo.
Lionel casou com Antonella, que sabia ser o amor de sua vida desde os nove anos. Com ela tem três filhos, todos saudáveis, ativos e, pelo que se sabe, vivem em ambiente de amor e harmonia. Isso tudo em Barcelona e agora Paris.
Messi é milionário. Fruto de seu esforço e de seu talento, frise-se. Mas dinheiro não será problema para seus tataranetos. Ele aparece em 90% dos comerciais da Copa do Mundo.
Como uma pessoa assim pode ter sofrido? Porque essa competição, tão curta — não tem nem segundo turno, disse Garrincha —, que consagrou atletas bem menos talentosos (Oi, Klose!) — era uma mancha em seu currículo pela seleção. O que era uma injustiça. Usando azul e branco, Messi foi campeão do Mundial Sub-20, da Olimpíada, da Copa América, da Finalíssima.
Mas até o ano passado, não bastava. A pressão era imensa. Seu filho Thiago chegou a lhe perguntar por que ele insistia em jogar pela seleção se não era bem visto. Foi em 2015 essa história.
Precisou de sete anos para que a resposta se materializasse. Como tudo na vida do guri de Las Heras, o sucesso apareceu. Agora, ele pode dizer a Thiago: "Porque vai existir para sempre o 18 de dezembro".
Se o tango é patrimônio imaterial da humanidade, Messi é patrimônio material do futebol. Aliás, sobre isso, ele deu mais uma aula. Tem uma lenda de que o tango é um ritmo triste, que acaba em desilusão ou dor. Mentira.
O último som que se ouve em um tango bem executado é o de aplausos.
Palmas para Messi.