Onze anos separam dois momentos. Em 2011, Julian Álvarez tirou uma foto com Lionel Messi durante a Copa América. Em 2022, o mesmo Álvarez foi fotografado ao lado do camisa 10 comemorando um gol pela semifinal da Copa do Mundo do Catar. Destinos traçados no passado, mas que se encontraram anos depois.
O camisa 9, que começou o Mundial no banco de reservas, sofreu um pênalti e marcou dois gols na goleada argentina contra a Croácia na última terça-feira, resultado que garantiu os sul-americanos na decisão, domingo, no Lusail, ao meio-dia (horário de Brasília).
A história do jovem de 22 anos começou quando Álvarez ainda era chamado de "aranha" pelo irmão. Por não perder a bola nunca e parecer ter mais de duas pernas, recebeu tal apelido — o lance do segundo gol contra os croatas fez jus a isso. Já como profissional, passou a comemorar seus gols com o gesto do Homem-Aranha lançando a teia, transformando o apelido e a comemoração em suas marcas registradas.
Nascido em Córdoba, no centro da Argentina, o atacante começou no Cachi, cresceu no Club Atlético Atalaya e se transferiu ao River Plate, onde se destacou até ir reforçar o Manchester City de Pep Guardiola — comprado por 18 milhões de euros (cerca de R$ 97 milhões). Antes disso acontecer, quase foi para o Real Madrid. Ele foi para a Espanha, foi bem nos treinamentos, mas sua contratação parou na burocracia (clubes europeus têm dificuldade para contratar atletas estrangeiros que tenham menos de 13 anos).
Quando retornou à Argentina, chegou a fazer teste no Boca Juniors, mas foi no arquirrival do time da Bombonera que ele brilhou. Venceu o Campeonato Argentino, a Libertadores, a Recopa Sul-Americana e foi eleito o Rei da América, em 2021, pelo jornal uruguaio "El País". A confiança de Marcelo Gallardo era tanta em Alvárez, que ele entrou ainda com 18 anos na decisão da Libertadores de 2018 contra o Boca.
Da Argentina, saiu direto para um dos melhores times do mundo e para concorrer com um dos centroavantes mais letais do futebol. O garoto sul-americano é companheiro de Haaland no City e, contrariando muitas previsões, ganhou oportunidades de Guardiola durante a temporada. O argentino fez sete gols em 20 jogos antes de viajar com a Argentina para a Copa.
No Catar, foi reserva contra Arábia Saudita e México, mas, sem muito alarde e com bastante calma, ganhou a titularidade na vaga de Lautaro Martinez diante da Polônia e não saiu mais do time. Agora, com quatro gols na sua primeira Copa é o principal parceiro de Messi na equipe argentina. Depois da atuação contra os croatas, Alvárez ganhou elogios do técnico Lionel Scaloni.
— Ele deu uma ajuda bárbara ao meio-campo. Com a idade dele, é normal querer correr para todos os lados, mas o que você diz ele faz. Somos felizes porque ele conseguiu capturar isso, algo tão bom para um atacante.
Com os dois gols feitos contra a Croácia, tornou-se o jogador mais jovem a marcar dois gols em uma semifinal de Copa do Mundo desde Pelé, em 1958. Com 22 anos e 316 dias, ele ajudou os argentinos a chegarem a mais uma final de Mundial (algo que não acontecia desde 2014, quando perderam para a Alemanha no Maracanã).