As controvérsias envolvendo a violação de direitos humanos no Catar dominaram a maior parte da entrevista do presidente da Fifa, Gianni Infantino, nesta sexta (19), véspera da abertura da Copa do Mundo. Questionado por GZH sobre um possível boicote de torcedores ao Mundial, o dirigente disse duvidar que algum fã de futebol vá deixar prestigiar os jogos por conta das polêmicas envolvendo o país-sede.
— Aos torcedores que não querem assistir à Copa do Mundo, (eu digo que) não assistam. Mas estou convencido de que essas pessoas vão assistir. Em uma pesquisa, é bonito dizer que você dizer não vai assistir à Copa porque é no Catar e por que é da Fifa. Por isso, publicamente, elas dizem que nao vão assistir. Mas a gente sabe que elas vão, é claro que vão. Pois, para quem gosta de futebol, nada é maior do que uma Copa do Mundo — declarou Infantino.
O mandatário da entidade máxima do futebol ainda aproveitou o questionamento para dizer que o Mundial do Catar será o melhor de todos os tempos.
— Eu diria para todas essas pessoas, as que vão assistir oficialmente e as que vão assistir escondidas, que elas vão ver o melhor futebol e a melhor Copa do Mundo da história. Elas irão desfrutar da Copa de um jeito que elas nunca desfrutaram antes — completou.
GZH perguntou ainda a Infantino sobre as declarações recentes do ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, que declarou ter sido um erro realizar a Copa no Catar. O dirigente evitou entrar em polêmicas com o antecessor e aproveitou para lembrar que, na atual gestão, o processo de candidatura para os futuros Mundiais ficou mais rígido, e os direitos humanos passaram a ser levados em consideração.
— Eu não tenho nada a responder (sobre o Blatter) porque eu não estava lá (no cargo, quando o Catar foi escolhido sede da Copa 2022). Na época, eu era inclusive considerado um grande crítico da Fifa. Sou presidente desde 2016 e, desde lá, fizemos grandes mudanças nos processos de candidaturas. Agora, temos muitas exigências bem claras sobre direitos humanos para quem quer se candidatar a sediar a Copa — completou.
Ao longo da entrevista, Infantino saiu em defesa do Catar e classificou como "hipócritas" as críticas do mundo ocidental à realização do evento no país árabe.
— Muitos progressos têm sido feitos no Catar em relação aos direitos dos trabalhadores, mas muita gente não sabe ou finge não saber disso. Não tenho que defender o Catar, eles se defendem por eles mesmos. Mas, pergunto: quem está realmente preocupado com os trabalhadores? Na Europa, nós fechamos as nossas fronteiras e aos imigrantes. No ano passado, quando o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, o Catar acolheu centenas de milhares de mulheres e crianças do afegãs, enquanto muitos países do mundo ocidental fecharam as fonteiras para essas pessoas. Então, temos que nos olhar no espelho antes de darmos lições de moral — finalizou Infantino.
A abertura oficial da Copa do Mundo ocorrerá neste domingo (20), às 13h (horário de Brasília), com a partida entre Catar e Equador, no Estádio Al-Bayt, em Al-Khor.