O lateral Daniel Alves, recém-convocado para a Copa do Mundo de 2022, deve receber R$ 5,4 milhões do governo para tocar projetos de uma ONG que foi apontada como inativa pelo Ministério Público. Conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o jogador de 39 anos assumiu o comando de uma organização não governamental (ONG) que estaria há pelo menos cinco anos sem realizar nenhuma atividade, a fim de poder pleitear verbas federais destinadas a projetos de incentivo ao esporte.
Em março de 2021, de acordo com a publicação, Daniel Alves fundou um instituto com seu nome. Contudo, ao tomar conhecimento de que só podem pleitear verbas federais entidades que existem há pelo menos três anos, o jogador passou a presidir uma organização já existente, mas sem atuação, a fim de poder requerer as verbas. A ONG chamava-se Instituto Liderança e, após a chegada de Alves à presidência, adotou o nome de Instituto DNA.
Em dezembro de 2021, o projeto assinou um convênio de R$ 3,5 milhões com o Governo Federal. A verba pública, que foi obtida por meio de emenda solicitada pela deputada Celina Leão (PP-DF), seria usada para instalar três núcleos de basquete 3x3 na Bahia, Pernambuco e no Distrito Federal.
O esquema feito pelo jogador entrou na mira do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. A área técnica do TCU identificou que o instituto não registrou pagamentos a funcionários no Cadastro de Estabelecimento Empregadores (CEE) nem na Relação Anual de Informações Sociais, indicando que ele está inativo. Leandro Costa de Almeida, ex-presidente da ONG antes da chegada de Daniel Alves, confirmou à Folha de S.Paulo que a organização não realiza nenhum projeto há pelo menos cinco anos.
Dadas as fragilidades, o Ministério Público entrou com representação junto ao TCU, solicitando a suspensão do repasse de R$ 3,5 milhões previsto. Contudo, o TCU interpretou que não havia irregularidade no convênio e arquivou a representação, recomendando apenas que a Secretaria Nacional dos Esportes verifique a "capacidade técnica" dos projetos que são contemplados com verbas federais.
A decisão foi emitida em julho. Um mês depois, em agosto, a ONG de Daniel Alves voltou a firmar um novo convênio, desta vez no valor de R$ 1,9 milhão. A verba seria utilizada para a criação de núcleos de basquete 3x3 em 30 escolas do Estado de São Paulo, a partir de emenda do deputado Orlando Silva (PC do B).
Com isso, Daniel Alves pode receber, por intermédio do Instituto DNA, a quantia de R$ 5,4 milhões em verbas federais. Conforme a Folha de S.Paulo, os valores já foram aprovados, mas ainda não foram repassados à entidade.