O Ministério Público da Espanha retirou, nesta sexta-feira (28), todas as acusações contra Neymar, seus pais, e dirigentes de Santos e Barcelona em um processo que investigava suposta corrupção e fraude na transferência do jogador da equipe brasileira para a espanhola, em 2013. A promotoria também pediu absolvição dos réus.
O Grupo DIS detinha 40% dos direitos econômicos do atleta na época da negociação. A venda foi anunciada por 17,1 milhões de euros (R$ 88,7 milhões, pelo câmbio atual) e a empresa recebeu uma fatia de 6,84 milhões de euros. Depois, o Barcelona informou que o valor real da transação foi de 57 milhões de euros, e a diferença de quase 40 milhões de euros foi depositada para a empresa N&N, em nome dos pais do atleta.
Após uma investigação, o Barcelona revelou o contrato feito com Neymar. Os documentos mostravam um valor ainda maior do que o divulgado anteriormente: 86,2 milhões de euros, englobando pontos como luvas, um repasse ao Instituto Neymar Júnior e comissões ao pai do atacante. A DIS, portanto, alega que deveria ter recebido 34,5 milhões de euros e pedia reparação na Justiça.
O caso foi enquadrado pelo judiciário espanhol como possível corrupção entre particulares, podendo render até uma eventual prisão a Neymar, faltando cerca um mês para o início da Copa do Mundo do Catar. A defesa do jogador apontou que a conduta não é considerada crime no Brasil, onde os contratos foram assinados, e que, por isso, ele não poderia ser punido.
O atleta do Paris Saint-Germain era alvo de um pedido de dois anos de prisão e de multa no valor de 10 milhões de euros, cerca de R$ 52 milhões. Além dos pais de Neymar, os outros acusados eram os administradores da empresa familiar N&N Consultoria Esportiva, o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues e os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu e a Sergi Atienza.
No dia 17 de outubro, o jogador foi ouvido pela Justiça espanhola. Em depoimento, o brasileiro afirmou não se lembrar se havia participado da formulação dos contratos e reiterou as decisões do seu pai e empresário.
— Meu pai sempre cuidou das negociações de contrato. Eu assino o que ele pede — depôs o atacante.
O jornal Marca, da Espanha, publicou a decisão da promotoria.
— Este julgamento foi baseado em presunções, não em provas. E a DIS tem o direito de pensar que se beneficiou menos com a transferência de Neymar, mas errou em sua jurisdição, pois deveria ter ido para a (vara) cível e não para a criminal.