Um misto de sentimentos invadiu a grande festa de inauguração do Estádio de Al Wakrah, na região sul do Catar, nesta quinta-feira (16), na cidade homônima da arena projetada para a Copa do Mundo de 2022. Costumes típicos, presentes na formação e na vida dos cataris, foram inspiração para o show de abertura, que teve alta tecnologia e encantou o público no mais novo estádio árabe. As quase 40 mil pessoas presentes começaram a noite vislumbrando um futuro de sucesso para o próximo Mundial, e terminaram despedindo-se de um dos mais brilhantes jogadores que já passou pelos gramados cataris e mundiais: o espanhol Xavi Hernandéz.
O Estádio de Al Wakrah teve a capacidade máxima liberada para seu primeiro grande teste: sediar a decisão da Copa do Emir 2019. Um dos principais torneios do país viu o Al Duhail, vencer o Al Sadd, de Xavi, por 4 a 1 e sagrar-se bicampeão. Seria o ultimo troféu da carreira do ex-Barcelona, que se despediu dos gramados no Catar como jogador de futebol. Na próxima temporada, o já ex-atleta comandará justamente seu atual time.
Nenhum grande entrave tirou o brilho da festa. Nem mesmo o forte calor. Com os termômetros registrando 30°C lá fora, a temperatura dentro da arena era de 21°C por causa das grandes saídas de ar-condicionado instaladas em todos os níveis do Al Wakrah. O verdadeiro teste para a Copa mais desértica de todos os tempos. Aliás, o gostinho do que teremos durante o Mundial tem balanço positivo: rede wifi funcionando perfeitamente, voluntários em cada saída da Arena, iluminação, som, escalações no tempo correto e entrada em campo padrão Copa do Mundo. Todo protocolo Fifa seguido a risca com louvor.
Em sua tribuna real particular, o Emir Tamim Bin Hamad Al Thani, dono do país, foi reverenciado pelo estádio lotado quando teve sua imagem reproduzida nos telões da arena. Próximo a ele, estavam o presidente da Fifa Gianni Infatino, o presidente da Conmebol Alejandro Domínguez e os brasileiros pentacampeões do mundo Cafu e Roberto Carlos.
O ponto alto do espetáculo de abertura foi o acolhimento do povo catari as diversas nações. Crianças de várias partes do mundo se revezavam entre telas 3D para dar boas-vindas aos mais variados torcedores presentes.
— Oi, eu sou o Carlos, do Rio de Janeiro, e quero ver o futebol em campo no Catar. Sejam bem-vindos ao Estádio de Al Wakrah — disse em sua vez, em português, o menino brasileiro.
Isso antes do comércio marítimo e da exploração de pérolas, duas das principais atividades da cidade, serem recriadas com recursos eletrônicos impactantes, em 3D. Até o mar apareceu no gramado, como ondas e tudo. As viagens marítimas, as expansões no Golfo Pérsico e a pesca. Tudo, ao som da típicas canções árabes.
Nas tribunas de imprensa, houve quem mexesse o corpo para lá e para cá, arrancando aplausos e incentivos dos estrangeiros. No encerramento, o povo que não economiza um centavo quando o assunto é impressionar, investiu nos fogos de artifícios, com cores que destoavam entre o amarelo e bege desértico.
Faltando mais de três anos para o início do Mundial, o Catar é um gigante canteiro de obras — nenhuma atrasada. Além do Estádio de Al Wakrah, o Khalifa também já está completamente pronto para a maior competição de futebol do mundo — foi reinaugurado em 2017. Mas as surpresas não param por aí, em 2019 o Comitê Organizador promete a inauguração de mais um estádio: o Al Bayt, na cidade de Al Khor, no mês de setembro.
Desta vez, ao menos na festa e organização, em meio a tantas polêmicas envolvendo o desinteresse da população no futebol, foi gol do Catar.
*A repórter viajou a convite da Federação de Futebol do Catar