O maior evento esportivo do planeta começa nesta quinta-feira (14), mas Porto Alegre ainda não entrou no clima da Copa do Mundo. Se o verde-amarelo for parâmetro, poucas lojas, casas ou apartamentos, raríssimos bares e nem mesmo escolas estão decorados para o Mundial.
Foi o que a reportagem de GaúchaZH percebeu ao passar por bairros como Menino Deus, Azenha, Moinhos de Vento, Cidade Baixa e Centro Histórico nesta manhã de quarta-feira (13), véspera da abertura.
Em 2014, a capital gaúcha, uma das sedes da Copa, foi pintada com o laranja da Holanda, registrou invasão azul e branca dos Hermanos e as cores verde e amarelo foram vestidas pelos torcedores locais, principalmente durante as fan fests.
— Na Copa passada, enfeitei minha casa, porque era aqui, nessa não. E nem vou — comentou Catarina Moreira Fão, 64 anos, que atualmente está morando em um sítio em Viamão e passeava pelo centro de Porto Alegre.
— Não é mais a mesma coisa, não existe aquela empolgação de Copas passadas.
A Seleção Brasileira estreia no domingo (17), contra a Suíça, e pode ser que bandeiras e camisas canarinho comecem a ser vistas. Ao menos é o que sugere o diálogo de dois colegas de trabalho nesta manhã de quarta-feira (13) no Centro Histórico:
— Eu vou enfeitar minha casa para domingo — comentou o operador de máquinas Sandro de Lima da Silva, 30 anos.
— Tu vai mesmo, cara? — duvidou Henri Michel La Roque, 30 anos, que atua como carregador.
— Claro, é Copa. Mas ainda preciso providenciar umas bandeiras _ respondeu Silva.
— Eu não vou. A não ser que a Seleção avance lá pras finais — pontuou La Roque.
Na semana passada, lojas de decoração e fantasias visitadas por GaúchaZH contaram que o movimento estava bom, embora ainda restrito a empresas. Não foi o que sugeriu um vendedor ambulante, na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua José de Alencar, no bairro Menino Deus.
Desde a quinta-feira passada (6), exatamente uma semana antes da abertura da Copa da Rússia, ele começou a dividir o varal com de artigos da Dupla Gre-Nal com camisas da Seleção e bandeiras do Brasil.
— Só vendi 10 camisetas, todas infantis, só porque são do Neymar. E olha que são as mais baratas. Bandeira não foi nenhuma — conta o vendedor, que prefere não se identificar. — Do Grêmio do Inter, vendo três ou quatro por dia, sempre.
Um dos tradicionais bairros residências de Porto Alegre, no Menino Deus a reportagem passou por um punhado de ruas e não viu qualquer indício de decoração para a Copa em casas e apartamentos.
Na Avenida Azenha, das dezenas de lojas, a reportagem encontrou três decoradas com balões ou corações verde-amarelos. Até mesmo no Centro Histórico, as cores do Brasil se limitaram a lojas de utilidades que vendem artigos de torcida, e mesmo os camelôs estão mais interessados em toucas e cachecóis do que itens da Seleção.
Nos bares da Cidade Baixa e do Moinhos de Vento, a decoração visível se limitava a bandeirinhas estilo São João de uma cerveja patrocinadora da Copa — mas que não têm as tradicionais cores do Brasil.
Nesta manhã de vento frio e cortante, Luis Henrique, de sete anos, exibiu a única vestimenta vista pela reportagem que remete à Copa: um capuz do Fuleco, tatu-bola que foi mascote do Mundial de 2014.
— Tudo que temos é da Copa passada ou anteriores. Ontem (terça) que ele (Luis Henrique) me pediu roupa e vuvuzela para torcer — conta Jenifer Silva Santos, auxiliar administrativa de 23 anos, mãe do guri torcedor.
Ela pretende atender ao pedido do filho nos próximos dias, pendurar uma bandeira em casa, mas não tem pressa. Diferentemente da Copa passada, quando tudo estava tudo pronto dias antes. Segundo Jenifer, nem a escola onde Luis Henrique estuda, no bairro Menino Deus, foi enfeitada.
— A gente tem tanta coisa para resolver antes, mas, no fim, arranjar um tempinho para torcer — resume.