"La ciudad más argentina de Brasil", assegurou um enviado especial do jornal hermano Olé a Porto Alegre. Mais de 100 mil "celestes y blancos", arriscou a imprensa do lado de lá da fronteira. Serão 80 mil argentinos na Capital, apostaram os órgãos de segurança gaúchos. Quase 50 mil, calculou a polícia no final de semana passado.
Eles foram vistos pelos bares da Cidade Baixa, passeando pelo Centro Histórico, alojados no Acampamento Farroupilha, vibrando na fan fest e cantando no Beira-Rio, mas, afinal: qual soma atingiu a invasão à cidade? A verdade é que ninguém consegue, de fato, quantificar.
- Não faço a menor ideia de como estimar. A saída seria contar um por um, não tem outra forma - admitiu um especialista em números, o supervisor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Estado, Ademir Koucher.
Conforme a estimativa da Brigada Militar, baseada na movimentação dentro e fora do Beira-Rio, entre 90 e 100 mil argentinos estiveram nesta quarta-feira na capital gaúcha - montante suficiente para lotar dois estádios com a mesma capacidade do Beira-Rio.
- Estimamos o público pelos acessos pela fronteira e pelo aeroporto, mas têm muitos que circularam de carro de um Estado para outro. Então, não tem como haver esse controle - comenta o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Silanus Mello.
Entre 1º de junho e a manhã de ontem, 36.820 argentinos chegaram ao Rio Grande do Sul vindos pelas estradas e pelo Salgado Filho, segundo a Polícia Federal. Outros milhares, porém, entraram pelas fronteiras catarinenses e paranaenses - fora todos aqueles que aterrissaram nos aeroportos do país e acompanharam a seleção nos jogos anteriores, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Do lado de dentro do Beira-Rio, pouco mais de 43 mil pessoas assistiram à partida entre Argentina e Nigéria. A grande maioria vestia azul, mas quantos tinham o espanhol como língua-mãe? Segundo a Fifa, 18 mil ingressos foram vendidos a argentinos - o que também não quer dizer que outros tantos tenham comprado bilhetes de brasileiros e comparecido ao estádio. Na área externa, foram outros milhares: 10 mil viram o jogo pelo telão instalado na parte de fora da fan fest, e mais 32 mil lá dentro.
As mais de 10 mil vagas em hotéis, hostels e - pasmem - até motéis da cidade estavam ocupadas às vésperas do jogo, afirmou o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa). Porém, também não é possível mensurar em quantos leitos estavam os argentinos a repousar.
- Não temos esse levantamento, mas foi a grande maioria - garantiu Henry Chmelnitsky.
Na história recente, não há registro de uma multidão tão grande saída de um único país para um evento no Rio Grande do Sul, garante o secretário estadual do Turismo, Márcio Cabral. Ele acredita em 80 mil argentinos em território gaúcho na quarta-feira, com base no número de 20 mil vindos do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
- Superamos todas as expectativas - diz Cabral.
"Yo te sigo a todas partes a donde vas, cada vez te quiero más", reforça o coro argentino entoado sem intervalo, na quarta-feira, na vitória de 3 a 2 sobre os nigerianos. Não se sabe ao certo quantos vieram, mas não restou dúvida: eram muitos em número e, também, em alegria.