Bastou seis minutos para o parrilleiro Martin Luzardo Diaz explodir em euforia neste sábado (30) com o gol de cabeça do centroavante Cavani, em Sochi, contra Portugal pelas oitavas de final da Copa do Mundo.
— Que passe, que passe. Que lindo passe — repetia incessantemente em elogio a Luis Suárez.
Uruguaio como os artilheiros da celeste, Martin aproveitou o horário de almoço para dar uma escapada do restaurante em Canoas onde trabalha e se juntar à esposa Vanessa Bitencourt e ao cunhado Leandro Bitencourt na residência do casal em Cachoeirinha.
Na sala, lado a lado, bandeiras brasileira e uruguaia dividiam espaço na janela que dá para a rua. Se bem que neste sábado, o pano verde e amarelo foi escanteado pela família unida em prol dos comandados de Óscar Tabárez.
— Fazia anos que o Uruguai não tinha um time com equilíbrio tão bom entre defesa e ataque — analisou Martin.
Natural de Montevidéu, veio em 2012 morar em Porto Alegre ao receber uma proposta de emprego. Martin planejava ficar no Rio Grande do Sul somente até passar a Copa do Mundo de 2014, mas Vanessa surgiu como um bom pretexto para permanecer no Brasil por mais tempo. Conheceram-se em um curso de nutricionismo e gastronomia e logo se casaram. Em um possível embate entre as seleções charrua e canarinho, ele é celeste. Ela, ainda não sabe.
— Não sei para quem eu torceria, confesso— disse Vanessa.
Embora hincha daqueles que param diante da televisão para cantar o hino, do tipo que grita e xinga sem qualquer constrangimento, Martin permaneceu calado boa parte do segundo tempo. O gol de empate de Pepe silenciou a casa, mas só até Cavani chutar colocado no canto do goleiro português dando a vitória e a vaga aos uruguaios.
— Como é difícil ser uruguaio, cara. Estou sentindo meu coração enlouquecido.
Ainda que apaixonado pela celeste, Martin não despreza o país que o acolheu. Desde que o adversário não seja o Uruguai, garante que torce para o Brasil.
— Se eu não amasse a tua terra como amo a minha, eu não estaria morando aqui — explicou.
Orgulhoso, sublinhou que a paixão desmedida pela pátria charrua não é exclusividade dele. O mesmo sentimento, garante, está também dentro do campo lá na Rússia.
— Primeiro vem o Uruguai, depois, Suárez, Cavani e os outros. Pode ver que os jogadores também não se vangloriam. Jogam pelo conjunto, pelo Uruguai.
Com o apito final, veio o desabafo:
— Tocar el cielo con las manos es como torcer por Uruguay.