
14 de junho, Estádio Luzhniki, abertura da Copa do Mundo 2018. Tribuna de imprensa, bloco A208, cerca de 200 lugares para jornalistas de todo o mundo. Uma única mulher, eu, e centenas de homens.
Minutos antes, eu subi cada degrau da escadaria que levaria até à minha posição de trabalho com um estranhamento que não sabia identificar. Depois do fim do jogo, no centro de mídia, a mesma sensação. Em uma sala com cerca de 500 jornalistas, avistei apenas duas profissionais do sexo feminino no meio dos computadores. E foi assim também no restaurante da imprensa.
Nas arquibancadas, a realidade é a mesma. A grande maioria dos torcedores que viaja para acompanhar a Copa do Mundo é formada por homens.
No Brasil, apesar dos homens ainda dominarem as coberturas, vemos muitas mulheres se destacando na profissão. Apresentadoras esportivas, repórteres de campo em transmissões do Brasileirão, treinos e coletivas. E a torcida formada por mulheres ocupa cada vez mais espaço nas arquibancadas brasileiras.
Mas esta presença não está refletida aqui na Rússia. São poucas, muito poucas que chegaram a uma Copa do Mundo.
Vou a jogos de futebol desde que tinha 12 anos, vivo o estádio da arquibancada e trabalhei na editoria de esporte em ZH por uma década. Nesta Copa, eu me senti pela primeira vez uma estranha no ninho em um estádio. A Copa é ainda mais masculina do que o futebol em geral.