A Seleção Brasileira já sabe que uma parede suíça o espera no domingo (17), na estreia na Copa. Nesta terça-feira, o goleiro Alisson, o escolhido para a entrevista coletiva, deu o tom do que a comissão técnica tem passado para o grupo.
— Eles (Suíça) têm uma equpe bem postada defensivamente. Teremos de trabalhar em cima disso nesta semana. Vamos trabalhar com imagens, vídeos e trabalhos no campo, mas principalmente, não mudando nossas característica – alertou o goleiro.
Alisson brincou sobre a perigosa situação que um goleiro vive em um jogo contra times retrancados. Os ataques são esporádicos, e isso exige uma batalha mental para manter elevadísima a concentração.
— Quanto mais eu trabalhar, mais feliz eu fico (risos). Sei que um goleiro de grande clube trabalha menos do que aqueles de times de menor padrão. No último jogo (contra a Áustria) foram dois chutes apenas, um deles no gol. Mas é preciso estar ali. Eles (Suíça) têm sua própria característica (de marcação forte), e nós temos que buscar pela criativade – resignou-se.
O goleiro elogiou as escolhas feitas pela comissão técnica dos adversários para os dois últimos jogos antes da Copa. Tanto Croácia quanto Áustria adotam modelos de jogo parecidos aos que Suíça e também Costa Rica e Sérvia adotarão contra a Seleção na primeira fase.
— Quem escolheu os amistosos foi muito feliz, será o que encontraremos na primeira fase: equipes bem postadas, defensivamente bem organizadas, tentando tirar espaços da nossa Seleção e nossa principal virtude, a posse de bola. Mas, nos últimos dois jogos, conseguimos sair disso com trabalho coletivo e as atuações individuais de cada um – disse o goleiro.
Em conversa informal com a equipe da RBS em Sochi na segunda-feira, o auxiliar-técnico Cléber Xavier revelou que a comissão técnica trabalha com um plano de jogo para encarar um rival fechado. Mesmo que a Suíça, sob o comando de Vladimir Petkovic neste último ciclo de Copa, tenha adotado postura mais ofensiva, Cléber aposta em um ferrolho. Prevê uma linha de cinco na defesa e com as peças criativas, como Shaqiri e Dzemailli, mais recuadas.
Nas Eliminatórias, a Suíça mostrou força. Venceu nove jogos, oito deles marcando mais de um gol. Mas perdeu a decisão da vaga para Portugal e foi à repescagem. E no mata-mata com a Irlanda do Norte, voltou a ser a velha Suíça: fez apenas um gol nas duas partidas e em um pênalti duvidoso.
O que mais disse Alisson:
Sobre Taffarel
Eu sempre serei muito grato ao Taffarel, não pela decisão de me convocar com o Tite e com o Dunga na época anterior. Mas, principalmente, pela qualidade do trabalho dele, o conhecimento. A vivência e a experiência dele nos ajudam. Serei sempre grato por trabalhar com ele.
Treino fechado ou aberto?
Tanto o treino fechado quanto o aberto ajudam. É algo do qual gostamos o carinho do torcedor e poder retribuir e ter um contato com eles. Para nossa concentração, é importante fechar o treino, para fazer algumas jogadas diferentes, treiná-las. O nível de concentração também fica maior quando se trabalha com portões fechados.
Preparação da Seleção
É bom que mostra a tradição do nosso futebol. Mostra também um planejamento, conta muito no nosso esporte, com os olhos voltados para os jovens da Seleção, de disputar competições internacionais, de ter uma vivência, de ter experiência. Essa identificação com a camisa, é sempre muito bom vestir. Ajuda no entrosamento, nem se fala, tem um ambiente muito bom.
Maior virtude do grupo
Tenho certeza de que a vontade de vencer de todos é nossa maior virtude. Todos vieram com uma disposição muito grande. Estamos há quase 20 dias juntos, trabalhamos toda a temporada passada, mas chegar aqui é muito gratificante. A nossa vontade é nossa maior arma.
Famílias por perto
Família é tudo para a gente, são os nossos familiares mais próximos que estão do nosso lado nos momentos bons, comemorando, mas também nos momentos difíceis, de derrota, de frustração. Tê-los aqui nos dá força ainda maior, é um problema a menos não ter a saudade. Para mim, ficar quatro dias longe da minha esposa e da minha filha já é muito tempo.
A concentração em Sochi
Nosso hotel oferece uma infraestrutura muito boa, temos tudo de bom. O almoço e o café são com vista para o mar, e isso é algo mais que estamos tendo aqui. O campo de treinos é muito bom, nesta terça-feira tivemos o carinho do torcedor. Assim que possível, espero conhecer um pouco mais da cidade também.
Desconfiança sobre ele
O futebol é um esporte em que tem de provar partida depois de partida, não pode nunca se acomodar. Conquistei esse lugar na Seleção com trabalho, com a ajuda dos companheiros. A disputa aqui é sadia, o Tite fala sempre disso, de um fazer o outro crescer. Passei por momentos difíceis, mas tive paciência, eles fazem parte do futebol. Alguns questionamentos são feitos com razão, outros nem tanto, e sempre os respeitei. E a melhor maneira de fazer isso foi mostrar no campo que o Tite e o Taffarel estavam tomando a decisão certa.
A temporada
Minha temporada foi muito boa, aqui na Seleção os números são muito bons, a minha temporada na Roma já demonstrou aquele que é o meu potencial. Mas não quero parar por aqui. No futebol tem de estar sempre mostrando. Agora, é um momento especial, e temos de demonstrar mais do que nunca.
Sobre o Real Madrid
Vocês estão ansiosos também (risos). Estou muito focado aqui na seleção, desde o início da temporada esperei por esse momento. Não quero que nada o atrapalhe, estou 100% aqui. Meu procurado está cuidando de todas as questões com a Roma, o que acontecer será o melhor para mim e para o clube, independentemente de ficar ou não. Meu pensamento está em ficar focado aqui. Depois, se resolve o resto.
Especulações
Depende do equilíbrio emocional de cada pessoa, de como lida com as pressões. Mas aqui estamos falando de jogadores de alto nível, rodados, todos com uma certa bagagem, uns com muita, outros nem tanto. Porém, todos experientes em assuntos de transferência,. Procuro não ler tanto as notícias, isso ajuda a não ficar vendo as especulações e trabalhar com aquilo que tem de real. Não chegou nada oficial, tenho contrato a cumprir com a Roma e muito feliz na Itália e com meu momento. Mas, principalmente, de estar aqui, realizando um sonho de infância.
Sobre Neymar
O Neymar está muito bem, graças a Deus. Acredito que a forma como lidaram com o processo dele foi perfeita, tendo recuperação plena na parte clinica. Lógico que quando começa a trabalhar com o grupo teve um cuidado a mais, com certeza deve ter lidado muito com o medo, é normal depois de uma lesão grave. Nós também tivemos cuidados com ele nos primeiros treinos, e ele foi pegando confiança passo a passo.
Sobre as manchas no rosto
Não me incomodam, estou na puberdade (risos).