Há quase 64 anos o Brasil silenciava. Cerca de 200 mil pessoas ficaram perplexas com o gol de Ghiggia, aos 34 minutos do segundo tempo. Público, imprensa, diretores e jogadores acreditavam que ninguém poderia tirar o título da Seleção, mas o Uruguai ensinou aos brasileiros da forma mais dolorosa que no futebol não existe vitória sem luta e que é necessário mais do que um grupo de craques para ser campeão.
::: Ghiggia sobre a final da Copa 50: 'Barbosa não foi o culpado'
A dor de assistir uma derrota dessa magnitude ainda está entranha nos brasileiros. O Maracanazo - como ficou conhecida a derrota canarinho -, foi assunto recorrente entre a população desde que o Brasil foi anunciado em 2007 como sede da Copa do Mundo de 2014.
Veja mais notícias da Copa do Mundo
Acesse a tabela do Mundial
Para dois catarinenses a dor da derrota é ainda maior. Eles viveram intensamente aquele 16 de julho de 1950. Eduardo Lins, o Pimpa, e Ney Hübener estavam no Maracanã na partida final e também ficaram quietos e sem reação com a derrota.
- Ninguém imaginava que o Brasil poderia perder. Erámos tolos, pois o Uruguai era uma grande seleção - analisa Pimpa, itajaiense de 84 anos.
Por que o Brasil deixou escapar esse título? No estádio, minutos depois da derrota, alguns torcedores já apontavam o goleiro Barbosa como o culpado. Porém, 64 anos depois, o camisa 1 do Brasil parece ter sido absolvido. A confiança dos brasileiros era enorme e o clima de oba oba, inevitável.
- Alguns jornais já anunciavam o Brasil campeão mesmo antes do jogo, o clima de oba oba era enorme. Isso me preocupa para hoje, temos que evitar isso - disse Ney Hübener, joinvilense que foi jogador de futebol.
Depois daquela derrota o Brasil mudou e foi cinco vezes campeão mundial. Mas para os senhores que estiveram no Rio naquela decisão, um triunfo canarinho no dia 13 de julho na final da Copa não diminuirá a dor de 1950.
- Se a gente ganhar agora vou me sentir consolado? Não, aquilo não tem consolação - finaliza Pimpa.
Os erros que não devem ser repetidos
Nada de oba oba
Em 1950, existia uma enorme pressão sobre a Seleção Brasileira para ficar com o título em casa. A cobrança era do mesmo tamanho que a confiança de que a taça era nossa. Na manhã da final jornais publicaram manchetes com o triunfo brasileiro.
Sem jogo político
A Seleção ficou hospedada durante toda a Copa em um casarão isolado das badalações cariocas. Porém, na véspera do jogo decisivo, os atletas foram levados para o Estádio de São Januário. Lá, políticos aproveitaram para tirar fotos com os craques querendo tirar vantagem da popularidade da equipe.
Força mental
O Brasil ficou sem reação ao sofrer o gol de empate do Uruguai, marcado por Schiaffino. A mesma coisa nas arquibancadas: os torcedores silenciaram e pararam de empurrar os jogadores.
Leia mais:
::: Blog do Podiacki
::: As análises do Mesa Tática
::: A irreverência das meninas do EC Batom
::: A opinião de Marcos Castiel
::: De canhota na Copa, um grupo de amigos viajando pelo Brasil no Mundial
Aprendizado
A dor e as lições da derrota na Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai
Há quase 64 anos o Brasil perdia para a Celeste o título da Copa no Maracanã
GZH faz parte do The Trust Project