Laudo elaborado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta afundamento do solo como causa do acidente com guindaste que matou dois operários nas obras da Arena Corinthians, em novembro do ano passado. O estudo foi encomendado pela Liebherr, construtora do guindaste. A informação foi veiculada na edição desta sexta-feira do jornal Folha de S.Paulo.
A conclusão do estudo é que o solo onde estava assentado o guindaste de 114 metros, considerado o maior do Brasil, era muito mais mole do que o indicado para suportar o equipamento. A medida de firmeza recomendada para o local era de 80%, mas a avaliação apontou que ela estava em apenas 13%. Outro ponto aferido foi a compactação do terreno, que estava em um índice médio de 6,3 em vez dos 10 indicados.
A Odebrecht, construtora responsável pelas obras, declarou que as condições do terreno eram propícias para suportar o guindaste. A empresa diz ter realizado análises em mais de 200 pontos do terreno e não ter detectado problemas.
O acidente ocorreu em 27 de novembro do ano passado. O caso está sendo investigado pelo 65º DP, que ainda não chegou a uma conclusão do que de fato motivou a tragédia. O estudo da UFRJ ainda será divulgado nas próximas semanas pelo Instituto de Engenharia da universidade.
No último sábado, outro operário morreu, desta vez ao cair de uma altura de oito metros nas obras das arquibancadas móveis.
Famílias de operários mortos na Arena Corinthians são indenizadas
As famílias dos operários Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44, mortos em novembro do ano passado na Arena Corinthians, foram indenizadas pela construtora Odebrecht, que tinha seguro. Após um acordo extrajudicial com os parentes que residem em Limeira (SP) e Caucaia (CE), respectivamente, o dinheiro foi depositado - valores não foram divulgados devido à cláusula de confiabilidade.
O pagamento às duas famílias foi confirmado à reportagem do LANCE!Net pela construtora do estádio. Paulo Buzato, advogado dos parentes de Fábio Luiz, também confirmou que o caso foi solucionado. O valor, segundo ele, não será divulgado por segurança.
- Nós fizemos uma projeção do que poderia resultar um processo no futuro. Após essa avaliação, falamos com a família. Houve uma proposta da construtora, uma contraproposta da nossa parte e, posteriormente, houve um acordo que julgamos ter sido bom para todo mundo --explicou Buzato.
A reportagem tentou falar com o irmão de Ronaldo Oliveira, que trabalha na Prefeitura de Caucaia, mas ele não atendeu telefonemas nem retornou os recados deixados.
Apesar de o valor não ter sido divulgado, o advogado confirma que a indenização foi baseada em dois itens: danos materiais e danos morais. O primeiro foi calculado sobre a vida útil de um trabalhador que, de acordo com o INSS, vai até os 76 anos. Pegou-se o salário-base, descontou 1/3 do valor (imposto de renda e despesas pessoais) e multiplicou-se pelos meses dentro dessa "vida útil".
O segundo, por sua vez, é definido pelas partes, já que não há como mensurar o dano moral por uma morte. O valor não foi divulgado.