Cercados pela paisagem verde da Mata Atlântica, em torno de 4 mil homens aceleram o passo para concluir a obra da Arena Pernambuco antes de fevereiro de 2013, a tempo de confirmar o estádio no roteiro da Copa das Confederações, em junho do ano que vem.
No próximo dia 8, a Fifa divulga as sedes - Recife foi pré-selecionada, com a condição de que entregue o estádio à entidade até fevereiro.
A apreensão aumentou quando o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, deu a entender que uma das seis sedes anunciadas em 2011 poderia não ser confirmada. O estádio pernambucano é o mais atrasado entre as arenas da Copa das Confederações.
Dezenas de ônibus se enfileiram no pequeno pedaço já pronto do estacionamento. Para qualquer lado que se olhe, operários e engenheiros executam alguma tarefa. Do lado de dentro da estrutura, um guindaste gigante desloca os blocos das arquibancadas. Do lado de fora, são montados os módulos da cobertura.
Na lotação máxima, o estádio receberá 46 mil pessoas, que podem ter dificuldade para postar fotos em redes sociais durante as partidas, pois o sinal de celular na área é quase inexistente. A arena está a 19 quilômetros de Recife, em São Lourenço da Mata. Sem trânsito, a viagem dura cerca de 30 minutos. Longe ou perto não existe no vocabulário do pernambucano: a medida é sempre com ou sem trânsito.
Se moradores se preocupam com o destino da grandiosa construção, em zona pouco urbanizada, o discurso oficial é de levar desenvolvimento à área. Os três estádios da capital - Aflitos (do Náutico), Ilha do Retiro (do Sport) e Arruda (do Santa Cruz) - sequer concorreram ao Mundial.
- Nenhum deles atendia às exigências técnicas da Fifa - explica Gilberto Pimentel, da Secretaria da Copa de Pernambuco.
O novo estádio é construído por meio de uma Parceria Público-Privada com o Consórcio Arena Pernambuco, formado pelas empresas Odebrecht Participações e Investimentos e Odebrecht Infraestrutura. O consórcio explorará a Arena por 30 anos. Nesse período, uma das contrapartidas é a realização de jogos do Náutico no local. A expectativa é a de que o estádio também seja palco de shows. Recife é carente de estruturas para receber eventos de grande porte.
Em torno da Arena, existe o projeto de instalação da Cidade da Copa. Até 2015, uma área residencial com 4,5 mil unidades habitacionais deve estar pronta. Um estudo avalia a construção de um campus da Universidade de Pernambuco (UPE) no local.
Assentos individuais, telões de LED, espaços VIP, bares e restaurantes são algumas das novidades em relação aos antigos estádios. Se for confirmado pela Fifa no evento-teste de 2013, a Arena Pernambuco será sede de três partidas da Copa das Confederações.
Obras de mobilidade urbana para a Copa e o Carnaval
Acostumado a parar no Carnaval, quando recebe mais de 600 mil pessoas em apenas uma semana, Pernambuco tem na mobilidade uma reclamação constante. Como nas outras cidades-sedes, a Copa do Mundo serviu para acelerar obras há muito tempo necessárias em Recife:
- Teremos novas composições no metrô, corredores de transporte coletivo que cortarão a cidade. A estimativa inicial, que ainda deve ser revista, é a de que Recife receba cerca de 400 mil turistas durante as três semanas do Mundial, contingente menor do que o Carnaval, portanto.
O esforço, na verdade, é para que no ano seguinte ao da Copa já se aproveite essa alteração no transporte de Recife durante o Carnaval - explica Gilberto Pimentel, secretário executivo de relações institucionais da Secopa-PE.
Estão previstas 18 obras de mobilidade urbana até 2014, o que inclui a construção da Estação Cosme e Damião a dois quilômetros da Arena. O metrô de superfície, que já passa pela região, vai ligar o aeroporto ao estádio.
Um dos principais legados que a Copa deixará para Recife será a Via Mangue, primeira via expressa da cidade, composta por faixas de rolamento (45,5 quilômetros de corredores exclusivos para transporte coletivo também serão construídos) para veículos de emergência e ciclovia.
*A repórter viajou para Recife a convite do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife