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Além dos torcedores, dirigentes, investidores e atletas, a conquista do Campeonato Brasileiro pelo Palmeiras, no último domingo, ainda está sendo assimilada por um gaúcho nascido há 45 anos em Tuparendi. É o auxiliar-técnico do clube, o ex-zagueiro Paulo Turra, que cada vez mais divide as tarefas e começa a ser reconhecido como o braço direito de Felipão. Turra concedeu entrevista ao programa Esporte & Cia, da Rádio Gaúcha, e revelou os segredos da conquista palmeirense.
Como estão sendo os primeiros dias após a conquista?
Essa ficha vai demorar uns dias para cair. Eu já estava ficando apreensivo, mas foi muito merecido. É muito bom ser campeão, ainda mais em uma competição tão importante como o Brasileiro.
Como foi a chegada de vocês ao Palmeiras após a saída de Roger Machado?
Estávamos atualizados. Conhecíamos as características dos jogadores. Quando o professor Felipe aceitou o convite, prontamente montamos o modelo de jogo que acreditávamos que os jogadores corresponderiam. Priorizamos a marcação com mais pressão, mais curta, com blocos mais próximos e um jogo mais vertical. A equipe mudou bastante seu estilo de jogo em relação a como era com o Roger.
Como surgiu a ideia de montar duas equipes?
O professor Felipe optou em ter duas equipes. E isso facilitou. Quando havia jogo de uma equipe, no dia seguinte dávamos um treino forte para o outro time. Todos entenderam perfeitamente este planejamento.
Hoje você é auxiliar, mas já foi treinador em outras equipes. Isso otimizou o trabalho no Palmeiras?
O fato de eu ser treinador ajuda bastante. E o professor Felipe gerencia muito bem o trabalho da comissão técnica. Eu trabalhava mais os aspectos defensivos e ele, mais os ofensivos. Dividimos bem as sessões de treinos. Chegamos de sola. Na primeira semana, já fizemos quatro treinos táticos de muita intensidade e cobramos posicionamento dos jogadores. Não me vejo como auxiliar. Me vejo como treinador. Mas o que mais ajuda são os atletas. Nós temos apenas três ou quatro atletas mais lentos, mas o restante é de muita intensidade. Isso ajuda nas transições defensivas e ofensivas.
Felipão chegou a te revelar alguma frustração do 7 a 1?
Ele já absorveu essa situação há muito tempo. Nunca falamos sobre isso. Quem não absorveu ainda são alguns poucos torcedores e setores da imprensa. Ele é bem tranquilo, bem resolvido.
O que mais te chamou a atenção nesta campanha do Palmeiras?
O grupo. Não existe individualidade sem o coletivo. Foi isso que a gente plantou. Hoje, o time do Palmeiras tem uma identidade. É uma equipe que joga verticalmente, que mais desarma, que faz bastante falta, tem o melhor ataque e a melhor defesa. Estamos adaptados a qualquer momento do jogo.
Você segue com Felipão ou, em breve, quer comandar um time e se juntar aos jovens treinadores?
Eu vou com o professor enquanto ele quiser. Não tenho dúvida disso. Ele me abriu as portas aqui e na China. Me sinto bem. A gente dialoga, diverge, mas nosso trabalho é muito bem realizado. Sou treinador, mas com Felipão vou até o fim.
Aceita o termo braço direito de Felipão?
Quem não aceitaria? Para mim, é uma honra. É um dos maiores treinadores do mundo.