A cada tropeço, uma nova desculpa vem do Beira-Rio. Dessa vez, ao perder para o modestíssimo Boa, a justificativa saída do vestiário colorado foi a da dificuldade extrema para furar retrancas. E isso que os mineiros de Varginha nem fizeram aquele retrancão clássico, com todo o time atrás. Mas, sim, souberam marcar com competência - e vencer no contra-ataque, uma jogada manjadíssima de todo o adversário colorado que joga em Porto Alegre na atual temporada. Neste sábado, o Inter enfrentará um novo drama: tentar vencer o Criciúma. E o problema extra: o jogo é no Beira-Rio.
Leia mais:
Guto terá a volta de até seis titulares no time do Inter contra o Criciúma
Diogo Olivier: fatos indicam que o Inter pode não voltar para a Série A este ano
Inter vai ao mercado por um lateral-direito e um armador
Com apenas 40% de aproveitamento nos jogos em casa, o Inter terá pela frente Luiz Carlos Winck e o seu Criciúma. Contra Winck, no Gauchão, o Inter de Zago empatou em 1 a 1 e venceu por magro 1 a 0, ambos no Beira-Rio. No terceiro encontro, no Centenário, deu Caxias 1 a 0, o que levou a decisão para os pênaltis – com o Inter avançando às finais, com grandes defesas do segundo reserva Keiller.
No Beira-Rio em 2017, o Inter disputou 19 jogos. Em apenas quatro deles conseguiu marcar mais de dois gols: 4 a 1 no Oeste-SP, 3 a 0 contra o Sampaio Corrêa, 3 a 1 no Cruzeiro-RS e 4 a 2 sobre o Náutico. O curioso sobre esse Inter, agora sob o comando de Guto, é que ele chuta pouco a gol. Diante de Santa Cruz (0 a 0), Paraná (0 a 0) e Boa (derrota por 1 a 0), apenas um chute foi dado em direção ao gol: Brenner, nas mãos do goleiro Daniel do Boa. O estranho é que, ainda nos tempos de Antônio Carlos Zago, apesar dos maus resultados, a equipe cruzava mais de 40 bolas para a área, sem grande consequência, mas com um maior volume de jogo na área do adversário.
– Para melhorar em casa, primeiro, é preciso ter um pouco de amor pela camisa. Vi o jogo contra o Boa. Ver o Inter jogando assim no Beira-Rio é de desanimar – disparou Valdomiro Vaz Franco, o jogador com o maior número de partidas na história do Inter, com 803. – Ver um Rodrigo Dourado desanimado entregar a bola ao D'Alessandro em vez de arriscar é de doer. Ora, é preciso ter personalidade para jogar, entrar em campo feliz. Agradecer por jogar no Inter. É preciso se impor no Beira-Rio. E isso não acontece. Não é para ter medo de jogar em casa, mas é preciso ter personalidade, ter vontade de ganhar. Estão brabos por estarem na Segunda Divisão? – questiona o antigo camisa 7.
Para Valdomiro, ainda falta ousadia a esse Inter no Beira-Rio.
– Rubens Minelli e Ênio Andrade diziam: "Não tem essa de retranca. Se eles estão com cinco, seis atrás, nós vamos marcá-los com cinco ou seis lá na frente". Ora, se o Inter daquele tempo podia marcar lá na frente por que o atual não pode? Nós roubávamos a bola na saída e tocávamos dentro do gol deles. O que mudou? É futebol. É o mesmo jogo. Esse Inter não joga pelas pontas, não abre o adversário, não consegue chegar à linha de fundo. Insistir pelo meio apenas é sempre mais difícil – ensina Valdomiro.
O comentarista gaúcho do canal Sportv, Sérgio Xavier Filho, também vê esse desânimo citado por Valdomiro no time do Beira-Rio.
– Os jogadores do Inter não conseguem criar chances de gol. O escalte é assustador. E parece se tratar de um time pouco solidário. Cada um faz por si, na sua, sem grandes deslocamentos. Ninguém busca abrir espaços – analisa Xavier. – Parece falta de comprometimento dos jogadores. O momento pelo qual passa o Inter é muito mais culpa dos jogadores do que do técnico. É culpa da diretoria também, que não cobra os jogadores. O Inter parece largado. No Inter, só a torcida parece se indignar – finaliza.
No Inter, respostas são buscadas e, ao contrário do que estava previsto, a delegação voltará a passar a semana no Vila Ventura, em Viamão, a fim de enfrentar o Criciúma, neste sábado, em casa.
– Estamos tendo imensas dificuldades, principalmente no Beira-Rio. Não estamos sabendo furar o bloqueio. O Beira-Rio precisa ser um diferencial a favor do Inter e não contra. Se tivéssemos obtido essas vitórias, estaríamos na liderança. É um diagnóstico que estamos fazendo de achar uma maneira de atuar em casa – admite o vice de futebol Roberto Melo.
Acompanhe o Inter no Colorado Gaúcha ZH. Baixe o aplicativo:
*ZHESPORTES