Começo a escrever esta coluna antes da partida. Gostaria de estar no estádio, no meio da galera, sem ser notado, para entender melhor o Gre-Nal. Certamente, é diferente de um Atlético-MG x Cruzeiro. Cada estado tem suas particularidades. Por outro lado, pela TV, presto mais atenção nos detalhes técnicos, táticos, além de ter as repetições e muitas informações.
Neste momento, lembro-me de jogos que fiz no Rio Grande do Sul, nos anos 1960. Sabíamos que era muito difícil vencer. Os times gaúchos marcavam muito. Não recebia uma bola livre. Usavam a marcação por pressão, que está hoje na moda, em todo o mundo.
Diz a lenda que os times gaúchos ganham porque marcam muito e têm muita raça. Não é só isso. As grandes equipes do sul, de todas as épocas, unem a disciplina tática, a marcação forte e o talento individual.
A bola rolou. Logo no início, aos 4 minutos, Willians acertou um ótimo chute de fora da área. A bola bateu no chão, subiu e dificultou para o goleiro Dida. Não houve falha. O Grêmio empatou, em um lance bisonho do jovem zagueiro Jackson, que fez um gol contra espetacular, encobrindo o goleiro do Inter.
O primeiro tempo foi equilibrado. Os dois times marcam muito e privilegiam as jogadas pelo centro. Vargas, terceiro atacante, acostumado a jogar pelos lados na seleção chilena, vai muito para o centro, para se juntar a Kleber e Barcos. Da mesma forma, os meias do Inter, D'Alessandro e Otávio, teoricamente escalados para jogar pelos lados, também vão muito para o meio, para se juntarem a Damião. Jorge Henrique e Otávio ocupam o mesmo espaço, pela esquerda.
Grêmio e Inter não seguem a tendência mundial de formar duplas pelos lados, na defesa e no ataque, entre o lateral e um meia ou atacante. A maioria das jogadas pelos lados ocorre em cruzamentos para a área. Há pouquíssimas trocas de passe e triangulações pelas laterais.
O segundo tempo também foi equilibrado, sem importantes mudanças táticas. Os gols saíram de ótimas trocas de passe. No gol do Grêmio, entre Ramiro e Kleber, que passou para Vargas. O chileno driblou o goleiro e fez o gol. No do Inter, logo após a entrada de Forlán, D'Alessandro entrou na área e foi derrubado. Pênalti claro.
D'Alessandro e Juan (o zagueiro continua com a mesma classe) foram os destaques do Inter. No Grêmio, Kleber e Vargas foram os melhores. Jogadores como Vargas e Forlán não deveriam ser reservas, mesmo com alguns momentos ruins no campeonato. A função de qualquer treinador é tentar formar um ótimo conjunto com os melhores jogadores. O Grêmio é o vice-líder, mas poderia estar melhor.
Quem disse que o Grenal é um jogo apenas pegado, brigado? Foi uma bela partida de quatro gols, de muita vibração, de disciplina tática e de boa técnica.