A tese de que Gre-Nal, pela tensão e rivalidade, produz jogos ruins de se ver, com os dois lados mais preocupados em não perder para manter a casa arrumada do que ganhar, sofreu duro golpe ontem. Foi um grande clássico, cheio de alternativas. E o melhor: Inter e Grêmio vieram com propostas ofensivas, mas marcaram melhor do que muita retranca por aí.
Jogo ao vivo: relembre os lances do clássico Gre-Nal 398, em Caxias
Crônica: Em clássico equilibrado, Inter e Grêmio empatam em 2 a 2 em Caxias do Sul
Claro que o 4-3-3 de Renato ofereceu um tanto de espaço ao Inter, mas as chances criadas para matar o jogo mostram o acerto da escolha. E se Souza não perde aquele gol no fim? Com Clemer não foi diferente. Postou o time lá na frente, tentando retomar a bola no campo inimigo. E se Jackson não dá o empate ao Grêmio de graça? Assim que o Grêmio virou para 2 a 1, Clemer tirou Jorge Henrique e colocou Forlán, que participa do lance do gol de empate. Renato, mesmo com vantagem no placar, não abriu mãos dos três atacantes.
Caxias recebeu um supergrenal. O melhor dos últimos, sei lá, 10 anos.
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Santas provocações
O futebol está chato. Qualquer brincadeira é vista com intolerância e, pior, incitação à violência. Daqui a pouco um prosaico "boa tarde" será visto como provocação. Não duvido: tem gente que considera toque de bola de pé em pé uma afronta, assim como um drible diferente.
A flauta, numa certa medida, é algo sadio no momento do gol. Se quem a recebe não tem a mesma saúde mental, o problema está aí. Show a comemoração de Vargas, imitando um Saci e fazendo o coração, já que sua namorada é colorada. Show o binóculo de DAlessandro, referindo-se aos títulos de Inter e Grêmio desde sua chegada, que teve resposta de Renato e as redes sociais bombando na contagem das taças de um e outro.
Tudo certo, sem estresse, como frisaram Clemer e Renato.
Gol da disciplina tática
A roubada de bola de Otávio no gol de Willians mostra como é possível entregar funções defensivas para jogadores de características ofensivas, e não apenas o contrário. Para o 4-2-3-1 dar certo, é preciso empenho dos meias que atuam pelos lados na hora de retomar a bola. Foi o que fez Otávio, em marcação adiantada sobre Souza. Vale o registro da disciplina tática de DAlessandro.Otávio exibe a energia natural dos 18 anos, mas o argentino tem 32. Jogou pela direita na linha de três atrás de Damião, avançando com a bola e voltando para ajudar na marcação. Depois, pelo meio, já com Forlán no time, sofreu o pênalti que ele mesmo converteu.
Clemer x Renato
Você deve ter reparado que escolhi Clemer para minha seleção do Gre-Nal. Não que ele tenha dado um banho em Renato. Decididamente, não deu. Os dois foram muito bem, inclusive nas substituições. O time tinha de ter técnico, então ptei por Clemer pelo tempo de trabalho. Ele conseguiu enfrentar de igual para igual uma ótima equipe, entrosada e comandado por Renato há bem mais tempo.
Goleiro azarado
Dida não dá sorte mesmo em Gre-Nal. No primeiro gol do Inter, falhou no chute defensável de Willians, que não é assim nenhum Romário na conclusão. No pênalti, a bola bate em seu braço, que não está rende ao chão na cobrança rasteira. Por isso ele se lamenta depois, a imagem mostra. Para completar, saiu do gol caçando borboletas. Ontem foi a vez de o time salvar Dida, e não o oposto.
Bom para o Grêmio
O empate terminou sendo bom para o Grêmio. Diminui a diferença para o Cruzeiro, que perdeu. E manteve a vice-liderança, pois o Botafoso empatou. Para o Inter, foi péssimo. Agora, G-4 só por milagre de canonização no Vaticano. Título? Só se for na Copa do Brasil.