O terceiro lugar, confirmado apenas duas horas após o final da segunda prova da etapa de Tarumã, foi o melhor resultado da carreira de Marcio Campos na Stock Car. E também foi o fim de uma angústia: credenciado como bicampeão do Brasileiro de Turismo, a principal categoria de acesso à Stock, o piloto de Farroupilha vinha sofrendo com a falta de bons resultados nas últimas provas.
Todo o peso foi tirado das costas justamente em casa, em Tarumã, onde Marcio iniciou a carreira. Com uma história diferente dos demais pilotos – ele iniciou sua trajetória já em carros de turismo, e com 25 anos de idade –, Marcio honrou um sobrenome que tem muita bagagem no automobilismo brasileiro: seu pai, João Campos, é o piloto gaúcho com melhore resultados gerais na Stock Car e havia sido o último piloto do Estado a subir no pódio em casa, em 1994.
Como você avalia o seu desempenho na conquista desse pódio?
Estou muito feliz. Claro que pelo resultado, mas principalmente pela performance. A partir do momento em que assumi a ponta, que consegui manter a distância para o Fraga, não acreditava. Pois não tínhamos conseguido essa performance o ano inteiro. E eu ditei o ritmo, não senti a pressão. Isso foi o mais importante. Mas claro que o terceiro lugar, para mim e para a Blau, é muito importante. Ainda mais por ser em Tarumã, uma pista tão importante, e também porque meu pai foi o último gaúcho a subir no pódio aqui.
Você acha que esse resultado aumenta a pressão dentro da equipe para as duas últimas etapas?
Eu vinha de três corridas com muita performance nos treinos, e nas três me envolvi em acidentes. Era muito injusto, e o pódio me alivia. Estava muito pressionado, por mim mesmo, que precisava concretizar o resultado. Agora espero que possa manter a confiança para as próximas provas. E confiança é muito importante.
A próxima etapa é em Goiânia, a única da temporada em que você já correu na sua temporada de estreia na Stock. Isso é um ponto positivo?
Alguma coisa ajuda, mas vai ser diferente porque vai ter mais potência. Acredito que vá ser diferente para todos. Ajuda um pouco porque já corremos, mas deve gastar mais pneu, por exemplo. Vamos mais fortes, porque, como equipe nova, não tínhamos um conhecimento de todas as pistas, e agora já temos. Aquela prova inicial foi muito atípica, nosso carro evoluiu muito. Dá para extrair alguma coisa, mas vai ser diferente.
Você tem uma carreira diferente dos outros pilotos: começou direto no turismo, mais velho. Como compara a conquista do pódio com os primeiros bons resultados no início da sua caminhada?
É bem parecido o sentimento, mas tem diferenças. Estava muito pressionado por mim mesmo, pois em seis anos venci cinco, sempre dominei as categorias em que corri. Foi um alívio, quase chorei dentro do carro. Botei tudo para fora, pois a gente começa a se questionar. E fiquei muito feliz com a performance, por ter disputado com caras que estão há muito mais tempo, em equipes muito estabelecidas. Provei para mim mesmo que é possível, e para a equipe também. Ninguém chega na Stock Car dando as cartas, ainda mais numa equipe iniciante. Acho que o futuro reserva coisas muito melhores para nós.
Você já tem conversas de renovação de contrato? Com a Blau, ou com outras equipes?
Isso ainda está quieto, não começamos a conversar. E isso tem me deixado preocupado, a mim e ao Cesar. Por isso esse resultado foi muito importante, na hora certa. Se você analisar toda a temporada, comecei muito para trás e fui subindo, com boa performance nos treinos. Mas nessas últimas tive acidentes. Por isso estava muito pressionado, foi um alívio. Automobilismo é assim: em uma corrida a gente vai mal, na próxima vai bem. Precisamos sempre pensar para frente e não olhar para trás.