Não haverá injustiça no belo e travado circuito de Abu Dhabi no domingo. Nico Rosberg e Lewis Hamilton merecem o título. Enquanto o inglês larga como franco-atirador em busca do improvável tetracampeonato, o alemão acelera como favorito a desbancar uma lenda da Fórmula-1 para, enfim, consagrar-se campeão.
Em 20 corridas no ano, a dupla da Mercedes venceu 18 – nove cada um. A vantagem de 12 pontos de Rosberg, que só precisa ir ao pódio para levar o campeonato, foi construída pela combinação entre um baita início de temporada, regularidade e o azar do inglês, cuja falha no motor lhe tirou uma vitória certa – 25 pontos – na Malásia.
Nas últimas três provas, o alemão só administra. Chegou três vezes em segundo, atrás de Hamilton. O tricampeão nunca lamentou tanto a eficiência do dominante carro prateado. Para ser tetra, precisará vencer e torcer para que pelo menos dois intrusos de Red Bull e Ferrari superem Rosberg.
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Inglês descarta a "tática Villeneuve"
Para facilitar a vida dos rivais mais lentos, uma saída seria Hamilton repetir a tática de Jacques Villeneuve em 1997. No Japão, o piloto da Williams estilingava nas retas e reduzia ao extremo nas curvas para permitir que os adversários tentassem passar Michael Schumacher, da Ferrari. Não deu certo em Suzuka, mas, no fim, o canadense levou a taça em Jerez.
– Nunca pensei em fazer isso, não seria sábio nem fácil. Quero estar à frente, o mais longe possível – disse o inglês, citando as longas retas do circuito, em que a asa móvel facilita as ultrapassagens.
A verdade é que Hamilton só levará o título se Rosberg tiver falha mecânica ou errar. O alemão vive sua grande chance. Nos treinos de sexta-feira, o inglês foi 79 milésimos mais rápido, mas ambos ficaram de três a seis décimos à frente das Ferrari e Red Bull – um tempão em se tratando de F-1.
Não há dúvida de que Hamilton, o segundo maior vencedor da história, é mais piloto do que Rosberg. Mas se a carreira coroa lendas, os anos sentenciam campeões. E, prevalecendo a lógica, será a vez de Nico repetir o feito do pai, Keke, em 1982, e fazer história quando o pôr do sol cair e fechar as cortinas da temporada 2016 em Abu Dhabi.