A temporada que começa na madrugada deste domingo, com o GP da Austrália a partir das 2h (de Brasília), é um ponto de transição para a Fórmula-1. O terceiro ano do contestado regulamento de múltiplos motores híbridos, criticado por ter tornado os carros mais lentos do que os seus antecessores – e também por ter acabado com o tradicional e agudo ronco dos motores – será o último antes de uma mudança ampla no panorama da categoria para 2017.
Os detalhes já confirmados das novas regras, como asas, aerofólios e pneus de novas dimensões, além de uma proteção à cabeça dos pilotos, terão a companhia de um único objetivo central: tornar os monopostos mais rápidos. Tudo para evitar as reclamações gerais – de pilotos, dirigentes, torcedores e até mesmo do chefão Bernie Ecclestone – a respeito do atual estado do ápice do automobilismo mundial, principalmente após dois Mundiais conquistados com facilidade por Lewis Hamilton e pela Mercedes.
No especial abaixo, veja os carros e pilotos de cada equipe:
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Mas, antes de 2017, é preciso passar por 2016 e suas 21 corridas – que formarão a temporada mais longa dos 67 anos de história da Fórmula-1 –, com poucas e pontuais mudanças em relação ao ano passado. A expectativa para o novo campeonato é de uma repetição do que foi visto desde 2014, com domínio completo das "flechas de prata" da Mercedes, em mais um capítulo da briga doméstica entre Hamilton e Nico Rosberg.
Os dois, amigos de infância desde que suas carreiras começaram no automobilismo, hoje em dia apenas se toleram, sem exibir mais o relacionamento que tinham até a chegada do inglês à escuderia alemã. Hamilton tomou a equipe de assalto após sua chegada, em 2013, e participou da transformação que tornou os alemães dominantes no grid.
Rosberg, enquanto isso, vive à sombra do companheiro de time, falhando em momentos decisivos – como no GP dos Estados Unidos do ano passado, quando errou nas voltas finais e permitiu a ultrapassagem de Lewis que valeu o título antecipado. Com a potencial mudança de estilo da F-1 no próximo Mundial, pode ser a última chance de Rosberg brigar efetivamente por uma taça.
Nas demais equipes, a julgar pelo trabalho feito nas duas semanas de testes de pré-temporada, em Barcelona, a Ferrari é a única capaz de brigar no mesmo ritmo que a Mercedes – mas ainda atrás do desempenho rival. Com Sebastian Vettel motivado, a escuderia de Maranello deve proporcionar um bom combate nas pistas.
Entre pilotos, equipes e pistas, há duas novidades destacadas no Mundial 2016. A Haas, equipe com tradição no automobilismo americano – é um dos times mais vencedores da história da Nascar –, começa sua participação na Fórmula-1 com Romain Grosjean e Estebán Gutiérrez como seus pilotos. E o GP da Europa está de volta, desta vez em um novo circuito: Baku, capital do Azerbaijão, no Cáucaso, será o palco da prova em uma pista de rua.
Serão três nomes novos no grid: o inglês Jolyon Palmer vai defender a Renault, enquanto a Manor contará com os novatos Pascal Wehrlein (Alemanha) e Rio Haryanto (Indonésia).
Mas a principal mudança virá aos sábados. O novo formato do treino de classificação causou polêmica desde o seu anúncio, durante a pré-temporada, e foi ratificado pela FIA apenas a duas semanas do início do campeonato. Será, basicamente, uma dança das cadeiras: o treino segue com os já tradicionais Q1, Q2 e Q3, mas desta vez com eliminatórias dentro de cada trecho.
No Q1, os 24 pilotos terão 16 minutos para que os 15 melhores sigam na briga. A partir de sete minutos, o pior classificado será eliminado do treino, com uma nova eliminação a cada 90 segundos. A mesma coisa no Q2 – com 15 minutos e o pior carro caindo fora a partir dos seis minutos e a cada 90 segundos – e no Q3, que terá oito pilotos e 14 minutos de duração, com os piores eliminados a partir dos cinco minutos. A definição do pole-position sairá de uma briga direta entre os dois carros que restarem, por um minuto e meio.
São as tentativas de mudança para que a Fórmula-1 siga sendo assunto – também pelos seus méritos, e não apenas pelas reclamações.
Brasileiros vão por caminhos opostos ao projetar ano
Felipe Massa e Felipe Nasr serão, mais uma vez, os dois representantes do Brasil no Mundial de Pilotos. Os xarás permanecem nos mesmos postos do ano passado – o veterano Massa na sua terceira temporada com a Williams, e o garoto Nasr no segundo ano de Sauber. E as suas expectativas sobre o campeonato que começa também são bem diferentes, condizentes com o tamanho e os orçamentos das duas escuderias.
Massa mostrou confiança ao projetar a temporada, ressaltando a evolução do FW38 na segunda semana de testes de pré-temporada em Barcelona. O vice-campeão mundial de 2008 destacou ainda que a equipe inglesa tem potencial para evoluir ainda mais ao longo da temporada.
– Na primeira semana, entendemos pouco o carro, mas a segunda foi muito melhor. Conseguimos bons tempos e o carro foi constante, no caminho certo. Tem muito o que melhorar e o que trabalhar, e temos peças novas que ainda não usamos. É um caminho para sermos mais competitivos. Estou supermotivado para começar o ano e voltar a vencer, que é tudo que eu mais quero.
Já Nasr foi político ao falar sobre a Sauber, que vive grave crise financeira e foi a última equipe a lançar seu carro para 2016, usando o novo C35 apenas na segunda semana na Espanha.
– Conseguimos acumular uma boa quilometragem, fazendo tanto stints curtos quanto simulações de corrida. Isso foi muito bom, mas ainda temos muito trabalho a fazer. Estou curioso para ver onde nosso carro está em comparação com os outros times.
*ZHESPORTES