Minha mãe arregalou os olhos e ficou muda quando contei, entre um assunto e outro, que acompanharia no banco do carona uma volta rápida de um piloto da Stock Car em Tarumã.
Dias depois, o Francisco Luz, repórter aqui da ZH, lembrou empolgado de sua experiência como co-piloto em outra temporada da Stock:
- É muito massa! Na curva parece que tu vai sair pela janela!
Eu sorri para o Chico por educação, mas por dentro queria mesmo era repetir a cara de espanto da mãe.
Adrenalina em doses exageradas não é meu forte. Nem montanha russa era muito meu negócio quando era piá. Normal, portanto, que estivesse nervoso enquanto botava o macacão e entrava no apertado cockpit.
Engato cinto daqui e dali, me ajeito e ligo a câmera para pegar a melhor imagem. Entra o piloto Felipe Lapenna, da Schin Racing, e liga o motor. E quando liga o motor, eu sinto que o negócio é forte. Ele ronca alto, grunhe, faz uns sons agudos. A cada troca de marchas um tranco projeta meu peito contra o cinto de sei-lá-quantas-pontas que me prende (ainda bem) no banco.
O início tem essa tensão, mas a tarefa de filmar o que está acontecendo com um smartphone me distrai. Não demora para que eu comece a gostar da coisa. Conto quatro voltas (posso ter me confundido naquele começo nervoso) até o Felipe retornar aos boxes. Relaxo.
Mas quando eu achava que tinha acabado, nos autorizam a dar mais duas voltas e arrancamos de novo - desta vez, sem a tarefa de filmar.
É aí que o medo toma conta. De tão rápido que andamos nas retas, tenho a impressão de que o piloto não vê a curva que se aproxima e está prestes a passar reto em direção ao muro. Quando o carro passa por cima das zebras, chacoalho e bato a cabeça protegida (ainda bem) pelo capacete na lateral do banco.
A essa altura, estou encharcado de suor com o calor infernal da cabine e o almoço de horas atrás começa a mandar lembranças. Luto bravamente e me concentro para não passar vexame. Quando a porta se abre e entra a mais gelada brisa que já senti, sinto-me como um vitorioso.
*ZHESPORTES