Antes de finalizar seu texto para participar do concurso redAção ZH, você pode aprender e se inspirar com a escrita dos vencedores do ano passado. Na edição de hoje, o caderno apresenta o texto de Juliana de Oliveira Ramires. Confira abaixo a análise da professora Patrícia Zanella para o texto sobre a transformação da figura da mulher. E não perca o prazo: as inscrições para o concurso estão abertas até 10 de julho.
A extinção da Amélia
Autora: Juliana de Oliveira Ramires
Recentes pesquisas sobre o mercado de trabalho brasileiro apontam que o sexismo tão arraigado na machista cultura brasileira mostra-se também presente nas organizações. Apesar de mais bem qualificadas, as mulheres ainda recebem remuneração inferior à dos homens, o que aponta para duas questões sociais muito importantes: a reavaliação da figura feminina contemporânea e a baixa valorização dessa mão de obra.
O papel da mulher ao longo da história foi se modificando à medida que a sociedade flexibilizou sua estrutura e os patriarcais provedores do lar foram cedendo espaço a mulheres aguerridas que trabalham fora, educam filhos e administram lares. Hoje essa realidade atinge seu ápice de desenvolvimento: o público feminino tem se qualificado cada vez mais e agrega ao papel de filha, esposa e mãe o papel de profissional bem-sucedida. São milhares de mulheres que assistiram a essa mudança no perfil social da mulher brasileira e que estão à frente de grandes cargos de organizações do país, a exemplo do governo Dilma e de seus vários ministérios comandados por mulheres.
Há décadas as mulheres abandonaram a figura de "Amélias" e tornaram-se personagens à frente da sociedade e das empresas, cabendo assim tratamento igualitário ao propagado "sexo forte". A mão de obra feminina tende a ser mais qualificada tanto pela disciplina estimulada desde a infância quanto pela necessidade de desmistificar o estereótipo de sexo frágil. Grande parte das empresas, apesar de admitirem a existência de um excedente na qualificação de mulheres em relação aos homens, ainda trazem em sua formação uma postura machista premiando com melhores salários os homens pela firmeza, pelo bom poder de negociação, pela força, renegando a possibilidade de essas características estarem presentes nas mulheres, que por vezes são mais persistentes, fortes e negociadoras apenas pela escolha de entrar no mercado de trabalho.
O Brasil é um país jovem e visivelmente feminino no que tange à presença de mulheres em salas de aula, atuando em grandes empresas e chefiando famílias. A valorização dessas "Amélias", "Marias", "Joanas" ou tantas outras não dependem de sexismos, mas sim da figura desenvolvimentista que esse novo perfil representa. É esse diferencial que nos levará ao avanço de um país igualitário ou ao retrocesso, porque a Amélia do memorável Mario Lago não passa de uma vaga lembrança e, ao contrário da canção, não deixou saudades.
Introdução
Esta é uma redação que traz, como ponto forte, a utilização dos dados das pesquisas apresentados na proposta. A autora baseia-se em um ponto bastante prático, que é diferença salarial, independentemente da qualificação, entre homens e mulheres. Seus argumentos serão relacionados ao papel da mulher reavaliado e baixa remuneração da sua mão de obra.
Desenvolvimento
Há uma análise da evolução da figura feminina na sociedade. A mulher tem, além das funções classicamente atribuídas a ela, a de profissional bem-sucedida. A exemplo dessa representação, estão o governo de Dilma Rousseff e os vários ministérios comandados por mulheres - o que demonstra o conhecimento de mundo a serviço da argumentação. Análises baseadas em fatos adquirem credibilidade e consistência.
Para relacionar isso tudo à proposta, o segundo desenvolvimento mostra a figura da "Amélia" como plural. O tratamento como "sexo forte" está ligado à mão de obra qualificada das mulheres na atualidade. O contraponto, no entanto, está na comparação salarial - homens continuam a ganhar mais para funções iguais. Segundo a autora, o que se caracteriza como uma postura ainda machista por parte dessas empresas.
Conclusão
A conclusão é um belo fechamento do texto, porque, com criatividade, os diversos papéis femininos são associados a um novo perfil das "Amélias", mas não só delas, das "Marias", das "Joanas" também, deixando para trás a Amélia original, da qual não devemos sentir saudade, que se liga, com engenhosidade, ao título.
Como participar
As inscrições para o redAção ZH estão abertas até 10 de julho. Navegue pelos links abaixo para saber mais sobre o concurso.
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