Alunos do 3º ano do Colégio Rosário, de Porto Alegre, Fernanda Siqueira, Francine Oliveira, Rafaela Shimomukay e Rodrigo Medina prepararam perguntas a partir de dúvidas sobre o processo de orientação profissional (OP). Confira as respostas da coordenadora do Centro de Avaliação Psicológica, Seleção e Orientação Profissional da UFRGS, Maria Célia Lassance.
1) Como um psicólogo pode me ajudar a escolher um curso?
O profissional deverá ajudá-lo a identificar um projeto profissional que esteja de acordo com seus valores, características pessoais (interesses, habilidades) e alinhado às suas expectativas para um projeto de vida. Além disso, deverá auxiliá-lo a integrar essas informações e as possibilidades concretas no mercado de trabalho.
2) O psicólogo é o único profissional habilitado a fazer uma avalição para orientação profissional?
Sim e não. A orientação profissional deve ser realizada por um orientador profissional e há muitos profissionais qualificados no Estado, dentre psicólogos, pedagogos, administradores. Entretanto, cada profissional domina ferramentas e técnicas diferentes e pode fazer orientação em cenários diferentes. Muitos dos instrumentos usados em OP só podem ser utilizados por psicólogos, que dominam com mais habilidade as técnicas do aconselhamento psicológico.
3) O psicólogo serve para mudar minha opinião ou para certificar minha primeira escolha?
O orientador profissional vai compreender suas dificuldades de escolha e guiá-lo na tomada de decisão. Um bom orientador profissional não sugere, não diz o que você deve escolher, mas ajuda a esclarecer os significados que as diversas escolhas têm para o cliente.
4) Os resultados de testes vocacionais costumam ser amplos e apontar apenas profissões tradicionais. Como eles funcionam? Servem para apontar aptidões ou hobbies?
Não existe um conjunto de testes que indique a profissão a ser seguida. Existem alguns instrumentos que auxiliam orientador e orientando a compreenderem aspectos importantes para uma escolha, como, por exemplo, os interesses. Uma escolha baseada apenas no tipo de interesses não é uma escolha bem informada. Não é uma decisão que se toma de repente. É preciso identificar elementos da história de carreira da pessoa para compreender como a dúvida, os significados e as dificuldades foram se construindo ao longo da vida.
5) Devemos sempre seguir o resultado da orientação? Por quê?
A questão não é seguir ou não o resultado. Se os instrumentos utilizados constituem uma parte de um processo e, a partir deles, o orientador e o orientando examinam possibilidades, a decisão, provavelmente, será tomada com convicção. Não é uma escolha definitiva, para toda a vida. É a melhor para aquele momento.
6) Até que ponto devo aceitar a influência dos meus pais para que eu siga a mesma profissão deles? Como posso colocar limites neles? Como explicar que quero fazer algo diferente da vontade deles?
Influência dos pais é inevitável e, quando é percebida, significa que o filho se identifica com o pai ou a mãe, e isso é natural e positivo. O que deve ser evitado é a sensação de que, se o filho não seguir a profissão do pai ou da mãe, ele irá decepcioná-los. Em geral, os pais querem que seus filhos sejam felizes, realizados e que não cometam os mesmos erros - ou que façam os mesmos acertos que eles -, na intenção de protegê-los de frustrações. Isso pode conter, muitas vezes, alguns exageros, que devem ser discutidos e negociados. Os pais fizeram suas escolhas, agora é a hora dos filhos. Apoio é fundamental, desde que não se converta em pressão e desconsideração do direito dos mais jovens de cometerem seus próprios erros.
7) O que fazer se a orientação profissional sugerir algo diferente do meu desejo?
Isso nunca acontece se a orientação é realizada corretamente. A orientação deve auxiliá-lo a compreender este desejo e colocá-lo na realidade concreta do mercado de trabalho.