A arquiteta Maíra Azambuja, 47 anos, enfrentou há pouco uma dupla maratona de estudo. Ela não fez nenhum concurso, mas seus filhos Thainã, 22 anos, e Thamy, 19 anos, venceram uma sequência de vestibulares. Hoje, ele cursa Medicina e ela, Psicologia, ambos na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
O sucesso dos dois foi alcançado com horas de estudo e muito apoio da família. Junto do marido, Luiz Cláudio, a arquiteta organizou uma operação para auxiliar os dois a enfrentarem o período com uma certa tranquilidade. Ao lado, confira as dicas de Maíra para acompanhar os filhos no caminho da aprovação:
Terapeuta
Se possível, conte com o apoio de um especialista. Um terapeuta pode auxiliar muito em um momento marcado pela ansiedade, como o que antecede o vestibular.
Carona
Ajudar na logística do dia a dia. Dar caronas, organizar os almoços e pensar em uma alimentação saudável.
Conforto
Proporcionar um ambiente confortável em casa para que o aluno consiga repousar.
Intervalo
Sempre que possível, fazer uma refeição em família, em casa, que proporcione um intervalo tranquilo de estudo.
Conversa
Saber ouvir seu filho, mesmo que ele deseje criticar alguma atitude sua. A conversa é a melhor opção.
Especialistas dão dicas sobre as melhores estratégias para os pais de vestibulandos, evitando exageros
No período em que o estudante não sai da frente dos livros e só fala em pontuação, simulado e candidato por vaga, é imprescindível ter, logo ali, na sala de estar, alguém que ajude a pensar no futuro ou simplesmente dê um colo na hora do desespero. Mas muitos pais não têm consciência de como podem apoiar os estudantes e ser aquela mãozinha básica para se ingressar na faculdade. Alguns pais e mães, mesmo sem querer, chegam a atrapalhar os vestibulandos, que precisam de dedicação quase integral aos conteúdos que cairão na prova. Negligência ou cobrança demais estão entre os principais erros, de acordo com especialistas. A psicóloga clínica e orientadora profissional Monica da Silva Justino explica:
- Existe uma confusão entre apoiar e cobrar. Na maioria das vezes, os pais acham que só devem cobrar que eles estudem.
Não dizer nada também pode trazer uma insegurança aos jovens. A psicóloga ressalta que é preciso manter o canal de conversa em casa, para o estudante sentir o apoio e saber que pode tirar as dúvidas.
- Deve-se manter o sentido de diálogo no sentido de se dizer: "estou aqui para responder suas dúvidas ou para ajudar a encontrar as respostas".
É importante reforçar ainda a possibilidade de se refazer o caminho, caso as tentativas não deem certo, explica Monica.
Pais precisam aprender a controlar a própria ansiedade
A psicopedagoga Priscila Leonel Pasqualini reforça que o companheirismo e a amizade devem reger os relacionamentos. É com essa troca de experiências que eles vão compreender melhor um ao outro. Nesses diálogos, vale se colocar no lugar no estudante, mas sem comparações do tipo "eu passei no vestibular, você tem de passar", como complementa a psicóloga Monica.
- Antes, era muito mais tranquilo fazer uma prova e entrar. Agora, a dificuldade é muito maior. É importante saber a realidade do estudante, antes de qualquer cobrança. Eles já vivem em uma sociedade de cobrança - destaca a psicóloga.
Não é hora de os pais se preocuparem com o status da aprovação. O aluno percebe aqueles pais que nunca acompanharam a vida escolar dos filhos e, quando o vestibular para Direito ou Engenharia se aproxima, começam a demonstrar preocupação e se oferecer para levar e buscar o estudante, repentinamente. Como especialistas dizem, os pais devem se preocupar, antes de tudo, com a realização do estudante e controlar a própria ansiedade, nem que seja com o apoio de alguma terapia ou chá de camomila.
Todo cuidado vale já que a missão dos pais, como reforça a psicopedagoga Priscila, vai muito além do vestibular.
- O ideal é que desde as primeiras horas de vida com o filho o pai consiga ter uma boa relação. Isso é para vida toda, é para sempre - afirma ela.
Os erros mais comuns
Abaixo, especialistas elencam alguns dos erros considerados mais comuns - e as consequências para cada um deles - na preparação para o vestibular:
1 - Obrigar o aluno a só estudar
Os pais querem que se estude quase 24 horas por dia, até quando a família toda está na festa. Para esses pais, os filhos têm que fazer valer todos os gastos de cursinho pré-vestibular e escola.
2 - Induzir a prestar curso que acha que é correto
Facilidade de arrumar emprego, o alto salário ou o sonho de infância são alguns dos motivos que levam os pais a insistirem para que o filho preste um curso ou outro.
3 - Não se envolver nem contribuir para esclarecer as questões
O medo de cobrar demais faz com que alguns pais simplesmente se omitam, não se ofereçam para ajudar nem queiram participar dessa fase dos filhos.
As consequências de cada um dos erros
1 Quando há cobrança muito grande, cria-se um estresse maior em relação ao vestibular. Isso aumenta as chances de o aluno ter um bloqueio na hora da prova, acordar atrasado ou pegar uma gripe muito forte. Isso tudo por medo de não corresponder ao que os pais querem.
2 Prestar o curso escolhido pelos pais pode trazer uma grande chance de frustração. No ano de vestibular, há chance de o estudante só pensar na aprovação e não se informar exatamente sobre o curso. Depois que ingressa na faculdade, ele vai perceber que não tem afinidade com a profissão.
3 Sem o apoio dos pais, o aluno pode ficar muito inseguro e em dúvida sobre que caminho seguir. Isso vai dificultar a concentração na hora da prova e mesmo na escolha profissional, já que ele terá que encontrar sozinho as informações de que precisa. A chance de agir errado também pode aumentar.