Um grupo formado por estudantes de diferentes cursos venceu hackathon que pedia soluções para problemas relacionados ao dia a dia das instituições de Ensino Superior (IES). Os criadores da Inteligência Educacional Adaptativa (Ieda) propuseram uma ferramenta que personaliza estratégias pedagógicas de acordo com o perfil de cada aluno, por meio de inteligência artificial (IA), e recebeu um prêmio de R$ 10 mil, além de uma assessoria para colocar o projeto em prática.
O HackLab fez parte do 26º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular. No total, 35 estudantes de diferentes regiões do país foram selecionados para participar da atividade – em dois dias, eles precisaram se dividir em equipes, passar por mentorias, elaborar projetos e identidade visual e apresentar suas propostas em três minutos.
Os alunos integrantes da Ieda buscaram encontrar uma forma de reduzir a taxa de evasão no Ensino Superior, que atingiu 57,2% em 2023, segundo estudo realizado pelo Semesp, que representa as IES.
— A evasão não necessariamente está vinculada a uma questão financeira: muitos alunos evadem porque não se sentem parte do processo educacional e porque não sentem que suas potencialidades estão sendo exploradas, mas o docente nem sempre tem as ferramentas que permitem uma personalização desse ensino. Nossa proposta envolve a criação de relatórios com estratégias pedagógicas de acordo com o perfil de cada estudante — explicou, durante a apresentação, Gustavo Zuli Moraes, 22 anos, graduando de Direito em São João da Boa Vista, Estado de São Paulo.
A ferramenta idealizada traça o perfil do aluno que ingressa na instituição. Os dados são cruzados com os de outros colegas, o que permite que um perfil da turma seja desenhado e entregue para o professor. O docente poderia, ainda, definir quais seus objetivos, e receber um relatório com estratégias pedagógicas personalizadas sobre como pode trabalhar cada componente nas diferentes realidades de cada turma. A Ieda também proporcionaria ao gestor do estabelecimento um fluxo mais definido sobre sucessos e desafios no processo de ensino-aprendizagem.
— Quando o aluno entrar na plataforma, ele vai preencher um questionário com as formas como ele gosta de aprender. Se gosta de interagir na aula, se ele gosta de EAD (ensino a distância), de presencial, se prefere ouvir mais, assistir, ler, escrever. Aí, a plataforma vai mostrar para o professor que naquela turma, 90% gostam de vídeo e 10% de escrita, por exemplo. Aí, o professor vai conseguir montar a aula de acordo — descreve Vitor Hugo Stefano Barbosa, 24 anos, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Ciência de Dados em São Paulo.
Thais Araujo Melo, 23, aluna de Pedagogia em São Paulo, diz que a ferramenta ajuda a solucionar dores tanto de estudantes, como de professores e de gestores.
— Dos alunos, a dor é que eles não se sentem parte do processo de ensino e aprendizagem, o que gera evasão. Dos professores, é que, às vezes, não encontram uma ferramenta para poder melhorar o ensino. E dos gestores, para eles coletarem dados e poderem fazer a instituição crescer cada vez mais — resume a jovem.
Para Jaci Camargo Cintra Silva, 23, graduanda em Engenharia da Computação em São Paulo, muitos projetos excelentes não chegaram ao palco de apresentação do hackathon, e, no caso de sua equipe, o diferencial pode ter sido a abertura do grupo a ideias.
— Você tem que ter muito tato com pessoas para, num primeiro olhar, falar "meu perfil combina com o dela, porque é assim que eu trabalho”, ou “eu consigo ser um camaleão e entender qual a ideia dela”, ou “como eu aplico a ideia dele”. E o grupo precisa estar aberto àquela ideia, porque não adianta só ter uma ideia: tenho que entender o quanto ela é aplicável — avalia a estudante.
A equipe, que também é composta por Laís Lucas Moscon, 36, formada em Marketing e aluna de Sistemas de Informação em São Paulo, não pensa em desistir. Apesar de terem se conhecido há dois dias, já se sentem um grupo que tem um futuro pela frente com a Ieda.