O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério das Mulheres, lançou edital ofertando R$ 100 milhões para apoiar a formação de meninas e mulheres em cursos das ciências exatas, engenharias e computação. O objetivo da medida, lançada na quarta-feira (6), é estimular a diversidade na pesquisa científica.
O programa Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação selecionará projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do país, por meio do estímulo ao ingresso, à formação, à permanência e à ascensão de meninas e mulheres nas carreiras de exatas, engenharias e computação.
A medida é voltada para meninas e mulheres matriculadas no 8º e no 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio em escolas públicas, além daquelas matriculadas na graduação de ciências exatas, engenharias e computação. Além de combater a evasão de mulheres nesses cursos, a iniciativa busca aproximar as escolas públicas de Educação Básica das instituições de Ensino Superior, de pesquisa e de empreendimentos de base tecnológica.
As propostas deverão ser submetidas até o dia 29 de abril. O responsável pelo projeto deve ter título de doutor e ter vínculo formal com a instituição de execução da iniciativa sugerida. Além do responsável, as equipes devem contar com, pelo menos, outros três pesquisadores. O edital sugere, ainda, que os profissionais sejam de diferentes áreas do conhecimento, para promover a formação técnico-científica interdisciplinar. O edital completo está disponível no site.
Mulheres nas ciências
A cientista Hildete Pereira de Melo ressalta que em todos os campos científicos homens brancos são presença predominante. Para ela, porém, as mulheres sempre estão nos bastidores.
— Você vai remexendo os baús da história, e você vai achando mulheres, só que elas estão escondidas — ressalta.
A história da ciência é marcada pela ação de pioneiras no cenário internacional, como Marie Curie, nascida na Polônia em 1867, que foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ser premiada em duas categorias, química e física com pesquisas sobre radioatividade; quanto no nacional, onde se destacou Bertha Lutz, bióloga e diplomata tida como responsável por incluir a igualdade de gênero na Carta da Organização das Nações Unidas.
Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) apontam que 58% dos 100 mil bolsistas de mestrado, doutorado e pós doutorado no país são mulheres. Contudo, esse número não representa a realidade dos cargos de chefia.
— A gente continua massivamente nas escolas, mas eu diria que as lideranças ainda são masculinas — aponta Hildete.