Criado em março de 2023, o Castrogram, um perfil na rede social Instagram, tem conquistado a simpatia da comunidade escolar no Colégio Estadual Antônio de Castro Alves, em Alvorada, na Região Metropolitana. O grupo de estudantes, orientado pela professora de língua portuguesa Bruna Folmann, formou um núcleo de comunicação que realiza a divulgação de campanhas e projetos feitos dentro da instituição de ensino.
São cerca de 30 alunos, divididos entre os setores de planejamento, design, produção de conteúdo e gravação e edição de vídeos. Tudo começou quando a professora viu o potencial das redes sociais, ainda durante a pandemia, e criou um perfil no TikTok a pedido dos alunos.
– Percebi que eles prestavam atenção em tudo que eu falava nos vídeos. Se eu falasse sobre o mesmo assunto em sala de aula, eles dispersavam, mexiam no celular – relembra Bruna.
O Castrogram já tem sido notado fora da escola. Em dezembro passado, a iniciativa recebeu um reconhecimento importante da Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Durante um evento promovido pela pasta, em que foram celebrados os destaques do ano de 2023 na área de ensino, o projeto foi homenageado na categoria de Protagonismo Jovem.
Apesar da visibilidade, o grupo precisa de ajuda para seguir atuando. O projeto ganhou um espaço cedido pela escola para que possa realizar as suas atividades. No entanto, o local precisa de pequenos reparos para poder ser utilizado. Por isso, o grupo aceita a doação de tinta (de qualquer cor, mas de preferência branca), tanto para pintar as paredes quanto para revitalizar mesas e cadeiras.
– Vamos reaproveitar mesas e cadeiras que foram cedidas pela escola. Isso será mais sustentável e conseguiremos ter um cenário bem no estilo escolar para produzir os conteúdos – diz Bruna.
Equipamentos
O grupo também busca doação de equipamentos como câmeras e microfones. Eles entraram em contato com alguns portais de comunicação de Alvorada, que fizeram a doação de equipamentos que não eram mais utilizados.
– Mas ainda precisamos adquirir muita coisa para colocar em prática nosso projeto. A gente quer fazer conteúdo de mais qualidade – destaca Kauã da Silva Fernandes, 16 anos, um dos integrantes do grupo.
Além disso, o grupo criou um financiamento coletivo, para tentar arrecadar R$ 10 mil e comprar os equipamentos necessários.
Estudantes são os protagonistas
Atividades como gravação de vídeo, planejamento e edição ocorrem sempre no turno inverso às aulas. Os estudantes também têm liberdade para sugerir as pautas que serão abordadas pelo perfil na rede social. Para fazer parte da iniciativa, o aluno precisa ter bom comportamento, bom relacionamento com os colegas, frequência nas aulas, participação nas atividades do projeto e boas notas. Isadore Rafaela Costa, 16 anos, conheceu a iniciativa no ano passado. Segundo ela, o interesse foi imediato:
– Quando criaram o perfil, eu comecei a seguir, curtir. Um dia, eles abriram o processo seletivo e, na hora, pensei em contribuir na produção de conteúdo e na edição de vídeos.
Hoje, ela faz parte da equipe de planejamento de conteúdo. Mas também ajuda, quando necessário, na edição de vídeos e na criação das postagens. Isadore lembra com carinho da campanha que participou para incentivar a doação de caixas de leite. Após as postagens no Instagram, as doações aumentaram significativamente. Ainda em 2022, antes mesmo do Castrogram, surgiu a ideia de fazer um podcast produzido pelos alunos da escola: o PodCastro.
– São vários assuntos que podem ser conversados. A pandemia fez com que a gente desaprendesse a conviver em sociedade. Isso precisa ser reaprendido – destaca a professora.
Retorno positivo
Um dos propósitos do projeto é aumentar a participação dos alunos nas atividades da escola. Ele também busca ser um canal de comunicação para que o público externo conheça as ações desenvolvidas na escola. O retorno positivo da comunidade escolar tem sido demonstrado principalmente através da interação do público com os conteúdos produzidos. Além de seguir, as pessoas têm curtido, comentado e marcado o perfil.
Bruna lembra que, no início do ano, surgiu um perfil no Instagram de divulgação de fofocas sobre os alunos da escola. Segundo a professora, a conta estava causando problemas bem sérios:
– A primeira ação do Castrogram foi fazer uma campanha contra o perfil de fofocas alertando sobre o perigo dessa prática. Em menos de um dia, ele foi desativado.
A partir da autonomia dada aos alunos no gerenciamento da rede social, foi possível notar mudanças significativas nos participantes, conta a educadora. Muitos se mostraram mais seguros, confiantes e recuperam a autoestima. A professora relata que alguns alunos, a partir do projeto, fugiram de relacionamentos tóxicos:
– Eles encontram na escola o refúgio e o bem-estar que muitas vezes não têm em casa.
Saiba como ajudar
- Doe qualquer valor pelo financiamento coletivo online criado pelo grupo. Acesse: gzh.rs/castrogram.
- Tintas e demais materiais podem ser doados na escola (Rua Ceará, 18 – Vila Maria, Alvorada – RS) das 8h às 14h.
- Para mais informações sobre o projeto, acesse, no Instagram, o perfil @castrogram.