Para muitos, ouvir falar em soft skills é algo novo. Essas competências, que podem ser traduzidas como habilidades interpessoais, são estratégias para lidar com situações do dia a dia de trabalho que podem ser aplicadas nas mais diversas profissões. As habilidades comportamentais são diferentes das hard skills, como são chamadas as competências técnicas, ou seja, a capacidade do profissional de executar o seu trabalho.
Embora a introdução desse tema no mercado de trabalho possa ser considerada recente, há, na atualidade, grande oferta de livros, mentorias, cursos e debates sobre o assunto. Para especialistas, é fundamental adquirir esses conhecimentos, e quanto antes, melhor.
— Na faculdade, muitas vezes, aprendemos a parte técnica, mas a questão comportamental fica de lado. Temos que aprender a nos comunicarmos desde muito cedo. É importante ter esse entendimento para nos tornarmos profissionais melhores — defende Jéssica Maiara da Silva, especialista corporativa de aprendizagem e desenvolvimento na Monte Bravo, assessoria de investimentos.
Segundo ela, comunicação, protagonismo, e inteligência emocional são algumas das principais habilidades que o profissional precisa ter no atual contexto. Jéssica trabalha há 11 anos conduzindo treinamentos de equipes para desenvolver essas competências, e foi uma das convidadas em um bate-papo sobre soft skills na 10ª Feira de Carreiras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O evento, que acontece até esta quarta-feira (4) conta com várias palestras sobre desenvolvimento profissional e o mundo do trabalho, bem como oportunidades de conexão. A atividade Comunicação: entenda o poder dessa skill na sua carreira recebeu também Fahen Carvalho, Head de Conteúdo do Share, ecossistema de educação que oferece vários cursos voltados para habilidades interpessoais. Para ela, observar e ouvir são pontos-chave para aprender a ser um profissional melhor e aperfeiçoar os relacionamentos no ambiente de trabalho.
— Preciso observar em mim mesmo que pontos posso melhorar e como amadurecer. Para isso, preciso ter um olhar crítico e ter momentos de troca com os colegas, ouvir feedbacks, escutar as pessoas ao meu redor. Tudo isso contribui com o nosso desenvolvimento — argumenta.
Muito além da comunicação
Segundo as especialistas, a construção de um bom relacionamento no ambiente corporativo passa pela comunicação assertiva, traduzida na forma como nos expressamos e nos comunicamos com gestores e colegas de trabalho, por exemplo.
Há, também, outras habilidades, como autoconhecimento, inteligência emocional, influência e colaboração. Estas foram as competências abordadas na 1ª edição do programa Power Skills do PUCRS Carreiras, promovido entre março e julho deste ano.
— Ter autoconhecimento é ter clareza dos nossos valores. Antes de entrar em uma empresa, você precisa ter noção de quais são os seus valores, para começar a trabalhar em um lugar que tenha aderência a esses valores. Se não, você não vai ser feliz na empresa, e vai achar que o problema é você. Muitas vezes, é apenas uma incompatibilidade de valores — diz Jéssica.
Já a inteligência emocional, diz respeito à forma de lidar com feedbacks e situações negativas.
— Estamos indo cada vez mais jovens para o mercado de trabalho, e temos que aprender a lidar rapidamente com inúmeras informações, tecnologias e ferramentas. Isso mexe com o nosso emocional. Precisamos ter maturidade para lidar com situações negativas, para que isso não gere angústia. Esses momentos vão acontecer, é inevitável — complementa Fahen.