Com um plano prevendo metas a serem alcançadas em curto, médio e longo prazo, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é uma aposta do governo do Estado para suavizar os efeitos da redução do número de jovens no Rio Grande do Sul e dar conta da demanda de melhoria na qualificação desses futuros profissionais. Um dos focos é aproximar cada vez mais a modalidade do setor produtivo, por meio de programas de estágio e da criação de cursos que ofereçam as habilidades exigidas por indústrias e empresas.
Somadas todas as redes – federal, estadual, municipais e privadas – o Estado possui, atualmente, quase 130 mil estudantes em cursos técnicos. O objetivo no Plano Nacional de Educação é que se chegasse a 315.891 matriculados até 2024, o que demandaria a criação de mais do que o dobro de vagas em um ano e, portanto, não deve ocorrer.
A rede estadual de escolas técnicas conta, hoje, com 157 instituições de ensino, que oferecem 63 cursos diferentes para cerca de 30 mil alunos. A expectativa é de que o número de matrículas chegue a 115.917 até 2032, quando se encerra o período abrangido pelo Plano Decenal da Educação Profissional e Tecnológica do Rio Grande do Sul.
No índice atual, estão contidas turmas em três modalidades: integrada ao Ensino Médio, quando o jovem tem aulas de EPT na mesma instituição onde tem as atividades tradicionais da etapa; concomitante, quando os estudos acontecem em outro estabelecimento, mas em paralelo ao Ensino Médio; e subsequente, quando o estudante já se formou na Educação Infantil ao iniciar a capacitação. A maior quantidade de matrículas (43,7%) está nessa terceira categoria. Por isso, a gerente de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, Carla Chiamareli, acredita que há um espaço importante de crescimento de vagas no RS em cursos ofertados durante o Ensino Médio.
— Se o jovem cursa a Educação Técnica dentro do Ensino Médio, já sai mais preparado para continuar os estudos ou ser incluído de forma digna no mundo do trabalho — destaca Carla.
A gerente do Itaú considera importante, para além de expandir as vagas, também pensar em cursos que dialoguem com as demandas do setor produtivo e promovam a aptidão técnica e profissional menos rotineira possível, uma vez que a tendência é que atividades rotineiras sejam, potencialmente, substituídas por recursos tecnológicos.
— Pensar cursos que usem mais a criatividade, a intelectualidade, a arte, habilidades específicas, permite que essa produtividade, por sua vez, melhore. É preciso pensar políticas públicas intersetoriais e de qualidade, para dar oportunidade aos jovens, o que parece ser o movimento no Rio Grande do Sul — analisa a profissional.
Ampliação das modalidades integrada e concomitante
A expectativa de Tamires Fakih, superintendente da Educação Profissional da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), é que a ampliação da oferta das modalidades integrada e concomitante ocorra por meio da implantação do Novo Ensino Médio – com as mudanças na etapa, um dos percursos formativos possíveis para os estudantes é, justamente, ligado ao ensino técnico.
— Com esse itinerário formativo e a ampliação das escolas de tempo integral, a ideia é investir na Educação Profissional e Tecnológica nas escolas regulares e nas de tempo integral. Como ainda estamos vivendo um bônus demográfico (quando há mais pessoas em idade produtiva do que idosos e crianças na população), este é o momento para investirmos na juventude — afirma Tamires.
Para ampliar a empregabilidade dos estudantes da EPT, a Seduc lançará, neste semestre, o Programa de Aprendizagem nas Escolas Técnicas. Em 2024, será feito um projeto-piloto em sete escolas da Região Metropolitana que oferecem nove cursos. A ideia é semelhante o Jovem Aprendiz – empresas se cadastram junto à rede estadual e contratam os alunos para estágios, sem a necessidade de uma agência mediadora.
— Vai ser a primeira vez que faremos institucionalmente, via secretaria, esse movimento de aproximação com o mundo do trabalho, para que os alunos sejam, automaticamente, já matriculados e contratados nas empresas a partir do segundo ano de curso — relata ao superintendente.
No primeiro ano de Ensino Médio, os alunos teriam apenas aulas. No segundo e no terceiro ano, fariam, então, estágios em empresas no contraturno.