Um questionário online deve ajudar os municípios e o Estado a elaborar e implementar políticas públicas de educação mais assertivas. Com este intuito, o Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul (Sesi-RS) e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) assinaram um convênio para realizar uma pesquisa que vai mapear o grau de maturidade tecnológica dos professores das escolas públicas e privadas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O estudo quer descobrir como os educadores estão usando os recursos digitais e não digitais no processo de ensino e aprendizagem.
A pesquisa foi elaborada pelo Instituto Sesi de Formação Educacional e quer responder a três grandes questões:
- Quanto e como o professor usa a tecnologia para o enriquecimento profissional e pessoal?
- Quanto e como usa a tecnologia para o desenvolvimento do trabalho em sala de aula?
- Em qual o contexto escolar o professor está inserido?
Dentro destes pontos centrais, o questionário traz uma série de perguntas para conhecer melhor a realidade tecnológica de cada professor e, consequentemente, de cada escola. Segundo a gerente de Educação do Sesi-RS, Sônia Bier, os resultados vão ajudar a nortear as decisões sobre investimentos em tecnologias educacionais e até possíveis atualizações de currículos escolares.
— A intenção é orientar melhor os gestores públicos e privados no processo de formação dos professores e na aquisição dos recursos tecnológicos, como computadores, notebooks, telas interativas. Não temos este raio X. Sabemos que o ensino não tem como fugir do mundo digital, mas não sabemos com certeza o que nem o quanto os professores sabem. Nem como estão usando este conhecimento na sala de aula, no ensino, nas provas, nas avaliações, enfim, no processo de ensino e aprendizagem — explica Sônia.
Segundo ela, a iniciativa vai contribuir para que os gestores cumpram a Lei 14.533. Sancionada pelo presidente Luíz Inácio Lula da Silva no começo de janeiro deste ano, ela cria a Política Nacional de Educação Digital (Pned), prevendo medidas de estruturação e incentivo ao ensino de computação, programação e robótica nas escolas.
— A pesquisa vem ao encontro da lei. Vamos saber quanto o professor domina a tecnologia para saber ensinar e avaliar o aluno. Com informação, as políticas públicas serão mais assertivas — completa.
O anúncio do convênio entre as instituições foi feito nesta quarta-feira (15), durante a Assembleia de Verão da Famurs, em Xangri-lá. Para o presidente da Federação, Paulinho Salerno, a pesquisa é muito importante porque representa um passo fundamental para mudar a realidade da educação nos municípios.
— Os prefeitos e prefeitas vão poder, com assertividade, decidir sobre as ferramentas tecnológicas necessárias. Ao mesmo tempo, vamos conseguir conhecer o grau de maturidade dos professores da nossa rede municipal para uso pedagógico das tecnologias e identificar a real necessidade de formação dos professores. É, portanto, um instrumento para oferecer, de fato, um ensino de qualidade, preocupado em formar cidadãos com competências e habilidades necessárias para a sua inserção socioeconômica em um mundo conectado e inovador — destaca Paulinho.
Municípios interessados precisam aderir
Para participar, os municípios devem aderir ao convênio. Assim, terão acesso a uma plataforma elaborada especialmente para a aplicação da pesquisa. Os professores poderão acessá-la por meio de link e, assim, responder às questões. O valor para os municípios associados da Famurs é de R$ 2.236, independentemente do número de escolas e professores. Mais de trinta já aderiram, em menos de um dia.
Conforme Sônia Bier, a data de realização depende de um acordo entre o Sesi e cada município. Em cinco cidades, o questionário já será aplicado no próximo dia 5 de abril. O resultado será enviado, pelo Sesi, para o próprio professor e para a Secretaria Municipal de Educação, desde que o docente autorize (em função da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - LGPD). No caso de não haver consentimento, a Secretaria receberá o panorama geral da escola, e não do educador. Após a aplicação da pesquisa, o Sesi entrega o resultado entre 15 e 20 dias, dependendo do número de escolas por município.