A tarde de sexta-feira (16) foi de comemoração para 50 jovens no Campus Caldeira, plataforma de educação do Instituto Caldeira, no 4º Distrito, em Porto Alegre. O grupo tinha sido selecionado entre os participantes do Nova Geração — iniciativa que tem como meta preparar 750 jovens de 16 a 24 anos, alunos e ex-alunos da rede pública para o mercado de tecnologia — que mais se destacaram.
Nos últimos dois meses, no programa chamado Geração Caldeira, os 50 jovens tiveram aulas presenciais três vezes por semana, receberam auxílio financeiro de R$ 1,5 mil e acessaram conteúdos de parceiros em uma plataforma digital. Eles participaram de atividades com empresas do mercado de tecnologia, como a Amazon, Google , Microsoft, Oracle e Salesforce.
— O objetivo principal é capacitar e dar as ferramentas em tecnologia e habilidades comportamentais para os alunos. Tudo isso é o que o novo mundo do trabalho pede. Queremos conectar esse pessoal ao mercado — resume Felipe Amaral, o Head do Campus Caldeira.
A conexão entre o instituto e as empresas ajudou Gustavo Rodrigues Rocha, 21 anos, a conseguir um emprego. Antes morador de Tapes, o jovem se mudou para a Capital para participar das atividades presenciais do Nova Geração. Por se destacar, Gustavo foi contratado pelo próprio Instituto Caldeira, onde, a partir do próximo dia 2, atuará como SDR (Sales Development Representative ou, em português, representante de desenvolvimento de vendas):
— Coloquei os pés aqui dentro e me apaixonei por este lugar. É uma emoção. Às vezes, paro para pensar e acabo chorando de alegria, porque foi uma luta tão grande e por ser uma realidade que parecia estar distante, que não era para mim — diz.
O jovem e outros quatro colegas são acompanhados desde o início das atividades do Geração Caldeira pela reportagem do Diário Gaúcho. Nos últimos dois meses, os alunos que se formaram na sexta-feira tiveram dezenas de palestras e workshops sobre temas como o futuro do mundo do trabalho, ensinamentos de um atleta profissional, oficina de teatro, comunicação e oratória, educação financeira, storytelling aplicado a marca pessoal, entre outros.
Além das palestras, eles participaram de eventos externos, visitaram outros ecossistemas de inovação, como o Tecnosinos e a empresa SAP. Uma das formadas é Iasmim da Cunha Welter, 17 anos, que diz ver a mescla de ensinamentos úteis para o mercado de trabalho e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais como os principais aprendizados obtidos no período.
— Tivemos experiências com empresas e aprendemos coisas que não são ensinadas na escola. Também aprendemos a descobrir o que realmente queremos. Aqui nós temos uma visão totalmente diferente do mercado de trabalho — comenta.
Antes mesmo do término do programa, mais de 10 alunos foram contratados por grandes empresas, startups e pelo próprio Caldeira. Além deles, outros 30 jovens indicados para vagas estão em processo de entrevistas. Essa é a situação de Marlon Maverick Machado, 22 anos, que atualmente conversa com uma empresa de programação, área na qual pretende seguir carreira.
— Recebi uma proposta, fiz uma entrevista e agora estou esperando o contato deles para saber o resultado. Pode ser que tenham mais (propostas) — explica o morador da Capital.
José Otávio Marques, 20 anos, morador de Porto Alegre, começou as atividades do Nova Geração de forma online. Ele diz ter gostado da didática a distância, mas assegura que o programa presencial foi ainda melhor, por ter sido capaz de conectá-lo a pessoas e proporcionar um ambiente para conhecer colegas. Isso, segundo ele, foi essencial para o aprimoramento de habilidades nos últimos meses.
— Consegui me conectar com esse mundo de soft skills e hard skills. Tivemos uma imersão, com mentorias, palestras. Consegui ver coisas que eram distantes de mim —pontua.
Giovanni Chagas, 20 anos, foi um dos que se formou na tarde de sexta. Ele disse ter entrado no instituto mesmo sem ser “um cara da tecnologia”, mas, com o acesso nas aulas, afirma ter conhecido áreas correlatas, como marketing digital, eventos e inovação, mais próximas de seus assuntos de interesse.
— Descobri espaços em que posso trabalhar sem estar na frente de um computador. Também gostei da conexão com as pessoas, conhecer tecnologias e empresas. Conheci pessoas que alcançaram seus objetivos e isso me motivou muito, mudou a minha mentalidade completamente — diz.
O Campus Caldeira tem como mantenedores os institutos Helda Gerdau, Jama, SLC e Lins Ferrão, além da Fundação A.J Renner e das empresas AWS, Banrisul, Oracle, Sicredi e do Sebrae.