Pais, mães e cuidadores se dividem em múltiplas tarefas diárias sob a intensa pressão do relógio. Nesse universo de afazeres, que vão do profissional aos cuidados com o lar e a família, muitas vezes a relação com a escola dos filhos acaba se resumindo à carona de ida ou volta. Esse afastamento pode ser prejudicial ao desenvolvimento do aluno.
Conforme a professora Andreia Julio de Oliveira Rocha, doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UNB) e analista educacional da educação básica na Rede Marista de Educação, é fundamental que família e escola trabalhem juntas na formação de jovens e crianças.
— São como duas pontes que se encontram para dar suporte ao estudante. A escola tem o papel de trazer educação e conhecimento. A família deve educar e acompanhar o filho. Unir essas duas estruturas é promover melhores condições de aprendizado, de crescimento e de elaboração para o aluno — afirma.
A especialista ressalta que engajar a família é função da instituição de ensino, mas os pais têm o dever de participar. Para isso, é necessário que cada lado compreenda seu papel, por meio de um diálogo franco que deve se estabelecer antes da matrícula.
— Para que se tenha uma participação proveitosa, a escola precisa deixar claro quais seus princípios e valores, o que ela pode oferecer. Se trabalha com projetos sobre diversidade, por exemplo, isso tem de ficar claro aos pais. Assim, eles terão um norte de como se comportar diante dos percursos trazidos em aula, fazer críticas ou dar sugestões — diz a analista.
Andreia afirma que uma das estratégias mais benéficas para atrair pais, mães e responsáveis é oferecer palestras, discussões sobre projetos da escola e eventos que promovam a convivência entre as famílias.
No âmbito da família, a escola pode realizar palestras, bate-papos e atividades que proporcionam conhecimento e reflexão sobre temáticas como o desenvolvimento infantil, puberdade e outros temas de interesse dos pais, trazidos por profissionais dessas áreas. Quem afirma é a psicóloga dos Anos Finais Greicy Boness de Araújo, citando programa que usa estas técnicas no Colégio Farroupilha, onde integra a equipe de orientação e psicologia escolar.
Atividades lúdicas e integrativas também são estratégias para fisgar os pais e promover relacionamentos com professores, funcionários, alunos e outras famílias.
— Escola e família têm papéis complementares na educação. Por isso, é importante essa aproximação. Quando a relação flui bem, a criança sente e se desenvolve melhor — diz Greicy.
Acolhimento mútuo
Pais de Lucas, cinco anos, e Bernardo, 11, os médicos Leonardo Pinto, 46, e Thais Grazziotin, 44, consideram o colégio dos filhos, o Farroupilha, uma extensão de casa. Eles fazem questão de participar de todas as ações que a escola realiza, das festas de Dia dos Pais e das Mães às mostras de conhecimento e feiras de uniformes. Thaís, inclusive, é a representante dos pais no Conselho Escolar.
— É uma atividade que gosto bastante. Conseguimos perceber os projetos que a escola tem. É uma forma de saber do todo. Nós buscamos participar das atividades ao longo do ano, vivenciar momentos com a turma e com professores. São oportunidades importantes. Sempre que a gente precisa buscar apoio da equipe, temos uma abertura muito grande — avalia Thais.
Leonardo complementa:
— Eles fazem várias atividades, e nós vamos nos integrando. Tem as mais pedagógicas, principalmente para os menores, da pré-escola. As reuniões individuais são uma oportunidade de falarmos com o professor. E ainda há eventos na sede campestre para integração das famílias.
O casal sente que sua participação se reflete no desempenho dos filhos.
— O colégio é um local onde a criança tem de se sentir bem, feliz, chegar e sair como se fosse a segunda casa. A gente percebe isso em nossos filhos. É o que a gente espera. Nós nos sentimos acolhidos, e as crianças também — diz Thais.