Para quem estuda em instituição de Ensino Superior privada, o financiamento estudantil pode ser uma maneira de viabilizar a graduação de forma que caiba no bolso. O mais conhecido deles é o Fies, do Ministério da Educação. Conforme o MEC, para solicitar o financiamento é preciso ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir de 2010, com média igual ou maior do que 450 pontos, e nota maior ou igual a 400 na redação.
Outro critério é o da renda familiar mensal, que tem que ser de até três salários mínimos por pessoa. O crédito advindo desse fundo federal poderá cobrir de 50% a 100% da mensalidade do curso, podendo ser a juro zero ou variado, conforme a renda do candidato. Essa modalidade, porém, tem limite de vagas. Além da nota do Enem, o programa considera a seguinte ordem de prioridade ao selecionar os alunos aprovados:
- Candidatos que não tenham concluído o Ensino Superior e que nunca tenham se vinculado ao Fies.
- Candidatos que não tenham concluído o Ensino Superior, mas já tenham sido beneficiados pelo financiamento estudantil (com todas as dívidas pagas).
- Candidatos que já tenham concluído o Ensino Superior e não tenham sido beneficiados pelo Fies.
- Candidatos que já tenham concluído o Ensino Superior, por meio do Fies, com as dívidas pagas.
Assim, o crédito privado funciona como uma alternativa para quem não têm condições de arcar integralmente com o valor do curso escolhido e não foi contemplado pelo Fies. Há diversas possibilidades, mas para encontrar boas alternativas para o bolso é preciso cautela, conforme explica Everton Lopes, economista e educador financeiro:
— Além da pesquisa da instituição que fará o financiamento, é preciso saber o valor da prestação que vai pagar. O financiamento nada mais é do que um empréstimo. De uma forma ou outra deverá ser pago dentro do período que está sendo contratado. Assim, (o estudante) precisa saber se vai ter condições de pagar a parcela no futuro — ressalta o especialista.
O economista exemplifica que, no caso do Fies, a dívida só começa a ser quitada depois da conclusão do curso, em um prazo bastante estendido. Já na contratação privada, algumas instituições concedem um semestre, com parcela de até 12 meses e renovação no semestre seguinte. Assim, é preciso atenção para verificar se haverá condições de pagamento no momento proposto.
De acordo com Everton, além do valor das parcelas, outro fator que é preciso ser levado em conta é a taxa de juros cobrada por cada instituição, que costuma variar de acordo com indicadores como renda, valor do curso e tempo de pagamento. A recomendação é escolher pela menor taxa de juros combinada com a parcela que é adequada para o bolso.
E quando a conta chega? Após o período contratado, as cobranças começam a chegar. Se o pagamento não for possível, a sugestão é tentar renegociar a dívida com a instituição financeira que concedeu o financiamento, mas atenção:
— Renegociar a dívida significa alongar a parcela, para que ela possa ter uma taxa de juros mais baixa, para poder respirar. Só que corremos um risco sério, porque cria uma bola de neve. Dependo do momento que acontecer, o risco de endividamento alto e de inviabilizar a formação é grande. Às vezes, a gente tem que tirar da emoção pela satisfação em passar no curso, mas, em termos de razão adiá-lo para um momento melhor financeiramente — aconselha o educador financeiro.
Confira abaixo algumas opções de financiamento estudantil privado disponíveis para universidades gaúchas:
Pravaler
O Pravaler é uma plataforma nacional de financiamento estudantil, que é parceira de 28 instituições gaúchas, incluindo Unisinos, UniRitter, Feevale, Unisc, Unicruz, UPF, Urcamp, Uri, Uniftec, La Salle. O aluno pode estender o prazo para quitação do curso escolhido no dobro do tempo da graduação. Em um curso de cinco anos, por exemplo, o estudante paga metade das mensalidades enquanto estuda e a outra metade após o término do curso, no mesmo tempo de duração.
Não é necessário ter feito Enem, nem ter conta em banco. É preciso comprovar renda mínima de 2,5 vezes o valor da mensalidade do curso em questão. Essa renda pode ser a soma da renda do aluno e do fiador, ou apenas a do fiador. Ambos precisam ter nomes limpos. O fiador precisa ser alguém que possui a renda de ao menos um salário-mínimo. A solicitação pode ser feita no site do Pravaler, onde também é possível simular o financiamento.
Bradesco
O banco Bradesco oferta financiamento universitário. Para contratação, é necessário que o aluno apresente uma Declaração de Aptidão emitida pela instituição de ensino e faça a análise do crédito em alguma agência. O banco financia cursos presenciais ou a distância e o financiamento da graduação pode ser concedido durante a sua vigência, sendo de até seis anos.
O valor do semestre pode ser financiado em até 12 parcelas, com cobertura de até 100% do valor do curso, cujas parcelas serão debitadas na conta corrente do aluno que contratou a operação. O aluno poderá pagar o valor do seu financiamento no dobro do tempo do seu curso. No site do banco é possível simular o financiamento. Confira as universidades conveniadas:
- Fundação Vale Do Taquari De Educação E Desenvolvimento Social
- Instituição Sinodal De Assistência Educação E Cultura
- Sociedade Educacional Monteiro Lobato
- Fundação Regional Integrada Furi
- Fund Educacional Enc Nordeste
- Soc. Carit. E Lit. São Francisco D E Assis Zona Norte
- Instituição Sinodal De Assistência Educacao E Cultura
Banrisul
O Banrisul dispõe de um programa de crédito universitário que permite o financiamento de até 100% do valor do semestre, incluindo a matrícula. O prazo para quitação equivale ao dobro do tempo do curso ou da quantidade de semestres financiados.
O financiamento pode ser simulado neste site. A linha de crédito está disponível para alunos de 13 instituições de ensino superior gaúchas: Faccat, Feevale, IMED Campus Passo fundo (Direito, Medicina, Odontologia e Psicologia), PUCRS, URI Campus Erechim, UPF, UCS, Unisinos, Urcamp, UCPEL (Medicina), Unisc, Unijuí e Univates (Medicina).
Podem solicitar o Crédito Universitário Banrisul estudantes já matriculados que não possuam crédito educativo contratado com outra instituição financeira. Os interessados devem apresentar em uma agência do Banrisul a Declaração de Aptidão, obtida junto à instituição de ensino, sendo que a realização da operação é condicionada à apresentação de avalista e análise de crédito. Para estar apto ao programa, é necessário ter uma conta no Banrisul.
Fundacred
A Fundacred oferece o CredIES, que pode ser solicitado por qualquer estudante, sem precisar ter feito o Enem. No Rio Grande do Sul, cerca de 30 instituições são conveniadas com o programa, como Ulbra, Fadergs, Imed, PUCRS e mais. Durante o curso, o estudante paga 50% para a universidade e, após a conclusão, o restante é pago para a Fundacred, sem período de carência. A quitação pode ser à vista ou em parcelas de acordo com os critérios estabelecidos junto à instituição de ensino credora
O programa permite que negativados solicitem o financiamento, visto que é analisada somente a renda do fiador. Não há cobrança de juros remuneratórios, mas há correção monetária e taxa de administração máxima de 0,35% ao mês para graduações presenciais e de 0,5% ao mês para os cursos de graduação a distância, pós-graduações e técnicos.
Créditos universitários
Algumas instituições ainda possuem programas de crédito estudantil próprios. É o caso da PUCRS, que dispõe do Proed, que permite pagar metade do valor do curso durante a formação e o restante após, pelo mesmo tempo da duração regular da graduação. O estudante contrata o curso total, e faz o pagamento do mesmo no dobro do prazo de utilização, efetuando o pagamento de 50% do curso durante a realização do mesmo e os demais 50% após sua conclusão.
Produção: Isabel Gomes