Entregue em janeiro, o novo prédio do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ainda não está totalmente ocupado. Somente as salas administrativas estão funcionando no edifício situado na esquina da Rua Ramiro Barcelos com a Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. As salas de aula e os laboratórios estão em fase de adequação, processo que deve se encerrar somente no fim do ano.
Atualmente, o ICBS funciona na Rua Sarmento Leite, no Centro Histórico. A construção do novo prédio de 19 mil metros quadrados e seis andares custou em torno de R$ 50 milhões. O edifício vai abrigar três departamentos do ICBS: o de Farmacologia, o de Fisiologia e o de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia.
De acordo a diretora do ICBS, Ilma Simoni Brum da Silva, o novo prédio ainda precisa do Habite-se, dado pela prefeitura para ocupação plena do prédio. Sem a licença, as salas de aula não podem ser ocupadas pelos alunos. A estimativa é de que o documento saia até o início do próximo semestre. Questionada, a prefeitura de Porto Alegre não respondeu até a publicação desta reportagem quando deve ser dada a autorização.
A expectativa com os laboratórios do novo prédio é grande, já que um deles terá estrutura especial, de Nível de Biossegurança 3 (NB3), onde os pesquisadores poderão trabalhar com microrganismos vivos, que causam doenças. Para isso, o espaço precisa funcionar em ambiente totalmente controlado, sendo necessários mais R$ 2 milhões para concluir a instalação. O dinheiro já foi obtido por meio da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do RS (Fapergs).
Mas parte das atividades de pesquisa não vai acontecer no novo edifício. Como os três primeiros pisos são destinados ao estacionamento, os laboratórios ficam nos andares superiores. Por isso, testes com roedores serão realizados no térreo do Departamento de Bioquímica, que fica em um prédio anexo. Segundo Ilma, foi uma escolha estratégica para evitar que os alunos subam e desçam muitos andares carregando as caixas com os animais. Por outro lado, testes com peixe-zebra, siris, caranguejos, anfíbios, moscas e mosquitos devem ocorrer nos laboratórios do novo edifício, garante a diretora.
Outra fase que ainda deve se iniciar é o transporte de alguns equipamentos dos laboratórios. De acordo com Ilma, é necessário carregar, de um prédio para outro, sequenciadores de DNA, microscópios ultra potentes, ultracentrífuga, equipamentos para testes RT-PCR que detectam a covid-19, entre outros, além dos freezers que armazenam as vacinas da Pfizer em uso pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre e pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Já que são máquinas sensíveis de transportar, será contratada uma empresa especializada. A licitação, no entanto, ainda não foi feita. É possível que a mudança desses equipamentos seja programada para as férias, de forma a evitar possíveis impactos no cronograma de aulas.
A previsão é de que leve 12 meses para instalar todo o mobiliário e equipamentos no novo prédio, que só deve estar funcionando plenamente em janeiro de 2023.
— A mudança de um edifício para outro é algo que leva tempo, precisa ser feita com cautela, principalmente com os equipamentos do laboratório. Não é do dia para a noite que tudo sai funcionando — diz a diretora.
No novo edifício, deverão circular, por semestre, cerca de 2 mil alunos da graduação e 800 da pós-graduação, além de 122 professores e 67 técnicos administrativos.