Boa parte das escolas da rede privada do Rio Grande do Sul está de portas abertas nesta segunda-feira (14), recebendo alunos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. O clima na volta às aulas é de alegria pelo reencontro entre colegas e professores, e o foco, na retomada dos hábitos de estudo. O objetivo é reduzir eventuais defasagens na aprendizagem ocorridas no período de ensino virtual ou híbrido adotado em meio à pandemia de covid-19.
Um levantamento do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe) apurou que a maioria das escolas que retoma as aulas hoje estão localizadas no Vale do Taquari, na Serra, no Vale do Sinos e no noroeste do Estado, mas em Porto Alegre também são esperados cerca de 20 mil alunos nesta segunda-feira. As turmas de colégios como Santa Dorotéia, Anchieta, Concórdia, Pastor Dohms e Rede La Salle são algumas das que já retornaram às atividades.
A expectativa do Colégio Santa Dorotéia, no bairro Cristo Redentor, é de que 980 estudantes estejam na escola no primeiro dia de aulas das turmas do sexto ano do Ensino Fundamental ao terceiro do Ensino Médio. A instituição criou um sistema de escalonamento e de diferentes áreas para recreio, para que as turmas não se misturem nas áreas de uso comum. Além disso, exige que todos os maiores de três anos usem máscara. A reportagem de GZH circulou pelo Santa Dorotéia na parte da manhã e encontrou turmas lotadas, alunos e funcionários de máscara, professores animados e algumas reuniões de pais, organizadas para explicar às famílias as normas da escola antes do retorno dos alunos mais jovens, marcado para terça (15) e quarta-feira (16).
— A exigência do uso de máscara é um protocolo que sempre funcionou, desde o ano passado. A gente entende que ela é efetiva e importante, principalmente para as crianças que ainda não estão vacinadas ou que tomaram só a primeira dose. E notamos que as crianças lidam muito bem com a máscara, especialmente as pequenas. Isso porque crianças de três anos passaram praticamente a vida toda vendo seus pais usarem, então para elas já é quase como uma parte do uniforme — acredita a diretora administrativa do Colégio Santa Dorotéia, Janaína Kunzler.
As primeiras impressões de Régis Ethur, que é professor de física do Ensino Médio, foi de que os estudantes estão com bastante energia e dispostos a se readaptar à rotina. Para ele, a aprendizagem no modo presencial é fundamental para a formação dos jovens.
— Os alunos voltaram com muita intensidade, as turmas estão cheias. Sabemos que o retorno na pandemia gera necessidades novas. Que não ignoremos esse período, que trouxe alguns prejuízos, e que tenhamos paciência para focar nessa retomada. Estou feliz com o retorno porque o ensino presencial é superior. Nele a gente consegue acompanhar a aprendizagem real dos alunos.
Horários escalonados
A direção do colégio Concórdia, localizado no bairro São Geraldo, entende que o ensino virtual funcionou do ponta de vista técnico e foi a melhor alternativa para continuar as aulas em alguns momentos da pandemia, mas também acredita que houve muitas perdas na aprendizagem, as quais terão que ser levadas em consideração nas salas de aula este ano. Nesta segunda-feira, voltaram ao ensino presencial todas as turmas da instituição, somando 580 alunos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Quatro alunos que apresentaram laudo de comorbidades estão tendo aulas em casa, pelo computador.
Para evitar a transmissão da doença nas dependências da escola e o contato entre estudantes de classes diferentes, foi criado um sistema de horários: algumas turmas chegam às 7h20min, outras às 7h40min e assim por diante. Os períodos de recreio e de saída também são diferenciados. Pelos corredores, as placas de boas-vindas dividem o espaço com banners de orientações sobre a pandemia e tubos de álcool gel. O distanciamento mínimo de um metro entre as mesas, que não é mais uma exigência sanitária do Estado, permanece sendo observado no Concórdia, e os pais não podem acessar o ambiente escolar. O uso de máscara é obrigatório a partir dos três anos e cobrado pelos professores e funcionários.
— Temos um controle interno e sabemos que todos os nossos professores estão vacinados, muitos deles já com reforço. Também emitimos comunicados aos pais recomendando a vacinação dos filhos. Nossa meta número um é sanitária: que nenhum aluno ou professor venha a ter sua saúde prejudicada por causa da atividade escolar. A segunda é conseguir ter a continuidade do ensino presencial, visando reconstruir hábitos escolares. Esses dois anos de pandemia, mesmo para quem esteve conectado virtualmente, quebrou hábitos de estudo, ritmo escolar, comprometimento e engajamento — afirma o diretor do Concórdia, Gerardo Samarco.
Os colégios Maria Imaculada e Sinodal Salvador iniciam suas atividades nesta quinta-feira (17), mas é para a próxima segunda-feira (21) que está marcada a grande retomada do ensino privado da Capital. Segundo o Sinepe, nesta data 48 mil estudantes retornarão às salas de aula: voltam as turmas dos colégios Farroupilha, Rede Marista, Bom Conselho, Leonardo DaVinci Alfa e Beta, Batista, Israelita, João XXIII, Santa Inês, Dom Bosco, Romano e Rainha do Brasil. O começo do ano letivo na rede estadual também ocorre no dia 21, data em que serão retomadas as aulas do Ensino Fundamental e Médio da rede municipal de Porto Alegre.