A possibilidade de venda do terreno da Escola Estadual de Ensino Fundamental Imperatriz Leopoldina, em Porto Alegre, mobilizou a comunidade escolar no decorrer das duas últimas semanas. Foi criada, inclusive, uma petição pública pedindo para que essa negociação não ocorresse. Consultada, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirmou que a instituição não será fechada ou vendida.
De acordo com Cristina Melgarejo, supervisora educacional da escola, a situação teve início em uma reunião virtual com a secretária de Educação, Raquel Teixeira, em 5 de novembro. Nesse encontro, que também contou com a presença da diretora Marilia Hamada Chaves Imbert e da orientadora educacional Nair do Amaral Menezes, a representante da Seduc teria informado sobre o recebimento de uma proposta de compra para o terreno da escola por parte de uma instituição privada.
— Ela (a secretária) disse que nos chamou porque a Seduc havia recebido uma proposta de compra do terreno e queria saber qual era nosso sentimento sobre isso, se gostaríamos de continuar com a escola. Ela também nos perguntou em quanto tempo nós conseguiríamos aumentar o número de alunos da escola — relata Cristina.
Inaugurada em 1928, a instituição tem 21 professores e 157 alunos matriculados entre o 1º e 9º ano do Ensino Fundamental e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Ensino Fundamental. A escola funciona nos turnos da tarde e da noite — as aulas matutinas foram encerradas em 2020, segundo a supervisora. Durante a reunião, Raquel também teria sugerido a implantação do turno integral na escola, o que faria com que a instituição voltasse a funcionar pela manhã, caso fosse do interesse da comunidade.
Em nota, além de reiterar que a Imperatriz Leopoldina não será fechada ou vendida, a Seduc afirmou que, inclusive, “existe a possibilidade de que a instituição passe a atender os estudantes em tempo integral no próximo ano”. Acontece que, desde a reunião no início do mês, os representantes da escola não conseguiram mais contato com a Secretaria — exceto em 8 de novembro, quando receberam um e-mail solicitando uma cópia da certidão do imóvel da escola.
— A secretária deixou claro que existia essa proposta para a compra do nosso terreno e pediu para que marcássemos uma reunião com a comunidade escolar para explicar essa situação. (Disse também) que entre segunda e terça-feira (8 e 9 de novembro) seríamos chamadas para uma nova reunião com ela para repassar a posição da comunidade escolar, mas não fizeram mais contato conosco — diz a supervisora educacional.
A falta de retorno da Secretaria da Educação gerou incômodo e preocupação na comunidade escolar, que decidiu criar uma petição pública contra o fechamento da escola e pela implantação do ensino em tempo integral.
— Queríamos que ela viesse aqui para ouvir da comunidade que queremos manter a escola, mas ela não respondeu à solicitação. Desde então, estamos nessa insegurança, porque sabemos que existe essa intenção de compra do terreno e que a secretária já está ciente, mas não temos informação nenhuma se essa negociação está andando, se existe uma proposta real ou se é só uma manifestação de interesse — afirma Isadora Librenza, professora de História dos anos finais do Ensino Fundamental.
Para Deise Sanvidot, mãe de um aluno do 5º ano e membro do conselho escolar, a atitude da Seduc não levou em conta a preocupação de pais e alunos, que agora estão se perguntando para onde iriam os estudantes caso o terreno da instituição fosse vendido. Ela destaca que a Imperatriz Leopoldina atua com um sistema familiar e acolhedor para toda a comunidade escolar e que tirar isso do bairro seria um descaso.
À reportagem, a Seduc informou que “não aceitou a proposta e tomou a decisão de manter as atividades da escola e promover melhorias”. Além disso, após o contato, a Secretaria anunciou o agendamento de uma reunião com a comunidade escolar, na próxima segunda-feira (22), para realizar esclarecimentos sobre o assunto.
Confira a nota da Seduc na íntegra:
"A Secretaria da Educação do RS reitera que a escola Imperatriz Leopoldina não será fechada ou vendida, e que, inclusive, existe a possibilidade de que a instituição passe a atender os estudantes em tempo integral no próximo ano. A Seduc reforça que nos próximos dias haverá uma reunião com a comunidade escolar para que sejam realizados todos os esclarecimentos sobre o assunto.
Em relação à reunião sobre eventual parceria entre a empresa e a escola, a Seduc informa que não aceitou a proposta e tomou a decisão de manter as atividades da escola e promover melhorias."