Não basta apenas chutar a resposta para fazer o maior número possível de acertos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É preciso também chutar corretamente para driblar o modelo matemático de correção dos testes escolhido pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2009.
A Teoria de Resposta ao Item, a TRI, atribui níveis de dificuldade distintos a cada questão e identifica possíveis chutes. E estes níveis são responsáveis por dar a cada estudante uma pontuação final diferente, mesmo que dois alunos tenham acertado o mesmo número de questões.
Para definir o algoritmo da TRI nas provas do Enem, o MEC aplica testes em alunos do Ensino Médio. As respostas destes testes são cruzadas e, a partir delas, cada questão terá um peso no exame nacional.
Nas provas, as questões referentes às respostas são divididas em fáceis, médias e difíceis. Quem participa do Enem não sabe quais são estas divisões.
As fáceis são as perguntas que tiveram mais respostas certas. E elas recebem pontuação mais baixa. As médias são aquelas que tiveram 50% de acertos e 50% de erros. As difíceis são as perguntas que os alunos mais erraram nos testes. Por isso, recebem pontuação maior na hora do fechamento da nota.
É no momento de pontuar os acertos e os erros de uma prova do Enem que a TRI entra em ação para valorizar os alunos mais coerentes em seu desempenho. Um aluno que acerte poucos itens fáceis e muitos difíceis é considerado caso improvável e incoerente, perdendo pontos em relação ao aluno que acerta muitos itens fáceis e poucos difíceis. E esta dinâmica ocorrerá mesmo que os candidatos tenham a mesma quantidade de acertos na prova. Em outras palavras, pode-se continuar chutando quando não se sabe a resposta, mas é importante garantir a maior quantidade de acertos nas questões fáceis.
A nota final não depende apenas do valor absoluto de acertos, mas é considerada a dificuldade das questões acertadas ou erradas ao longo da prova. Por atribuir um peso diferente às perguntas e identificar chutes, o sistema TRI não permite saber qual a pontuação final com base no número total de acertos. Se o aluno entregar uma prova em branco, sua nota nunca será zero, mas um valor mínimo estipulado em razão do grau de dificuldades das perguntas.
Método comprovado
- Criada nos anos 1950, a TRI é utilizada como sistema de avaliação no TOEFL, exame que mede a proficiência em inglês, bastante comum para quem busca programas de intercâmbio. O objetivo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é garantir a elaboração de provas com o mesmo grau de dificuldade ao longo dos anos.
- As notas mínima e máxima de cada prova nunca serão zero ou 1 mil. Isso porque a avaliação não consegue inferir se o candidato tem proficiência muito baixa ou muito alta, assim como não existem questões muito fáceis ou muito difíceis. Em 2017, por exemplo, a nota máxima (45 acertos) para Ciências da Natureza e suas Tecnologias foi 885,6.
- É sempre melhor chutar do que deixar uma questão em branco. Se a avaliação não identificar coerência no chute, o acerto poderá ser desvalorizado, mas uma questão em branco significa necessariamente um erro.