Uma parceria entre a prefeitura de Carazinho e o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) pretende revitalizar as 10 maiores praças da cidade de 62 mil habitantes.
Iniciada em março deste ano, a ação faz parte da disciplina de Projeto de Paisagismo, liderada pela arquiteta e professora Tita Piva. Estimulados a criarem novos ambientes nos locais indicados pela prefeitura da cidade do norte do RS, os estudantes formaram duplas para o trabalho.
A ideia de incluir a universidade numa ação já pretendida pela administração municipal partiu da prefeita em exercício, Valeska Walber, que também é psicóloga e sexóloga. Ela, que em 2008 adotou com vizinhos a praça do bairro onde morava, desejava levar iniciativa semelhante a outras partes do município. Esta é a primeira parceria com a universidade envolvendo espaços de lazer.
— Entendo que as praças constituem a alma de uma cidade e têm marcos referenciais. Somos a capital da logística e da hospitalidade, e queríamos marcar ainda mais a questão da hospitalidade, do acolhimento, do convívio e do lazer. Entendemos que as praças bem cuidadas elevam a autoestima dos munícipes e fortalecem esses aspectos — explica a prefeita em exercício.
Entre março e junho, os estudantes do sexto e do sétimo semestres visitaram as comunidades onde os espaços de lazer estão inseridos, fizeram levantamento georreferencial, da topografia e mobiliário e ouviram os moradores dos bairros. Houve, inclusive, uma ação na praça central para apresentar as ideias à população e receber novas sugestões.
— Muitos pediram para não retirarmos as árvores das praças, outros solicitaram mais iluminação pública e teve até moradores que pediram um estacionamento para cavalos — conta Tita Piva.
O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
A professora revela que, para o aluno, a experiência do trabalho de campo é fundamental. O grupo optou pelas obras mais urgentes e que poderiam trazer prazer e conforto aos usuários dos espaços. As cinco sugestões mais citadas foram, na ordem de prioridade: iluminação pública, calçamento, playground, ponto de água e academia aberta. Ao todo, Carazinho tem 40 espaços públicos de lazer.
— O que a gente propõe, a partir deste projeto, é que prefeitura busque parcerias com empresas para adoção das demais praças. Já existe algo parecido envolvendo os canteiros da cidade — comenta Tita.
Os projetos finalizados serão avaliados pela professora até o final deste mês. Depois, serão repassados à Secretaria Municipal de Planejamento, que irá finalizar o trabalho. Cada praça poderá ter intervenções de até R$ 150 mil.
Para garantir que saiam do papel os projetos desenvolvidos pelos estudantes, a prefeitura terá disponível uma verba de R$ 1,5 milhão, repassada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional via recurso parlamentar proposto pelo deputado federal Marcio Biolchi (MDB). De acordo com prefeita em exercício, o valor será liberado ao município até o final deste ano. A meta é reformar as dez praças em 2022.
Valeska calcula que, se a prefeitura precisasse desembolsar para produzir os projetos das praças, gastaria pelo menos mais R$ 1 milhão. Hoje, a administração municipal desenvolve parcerias também com a Universidade de Passo Fundo (UPF), com a La Salle e com o Imed, de Passo Fundo.
— Todos ganham com parceria entre o poder público e as universidades. As cidades ganham muito e os alunos também, pois participam da história das comunidades — finaliza a prefeita em exercício.